Com Lula preso, oposição vive um ‘vácuo’, diz professor

  • Por Nicole Fusco
  • 06/04/2019 10h19 - Atualizado em 06/04/2019 10h23
Agência EFE O ex-presidente Lula foi preso em 7 de abril de 2018

A oposição no Brasil vive um “vácuo” na avaliação do professor Rogério Baptistini, da Universidade Mackenzie. Colabora para esse cenário a prisão do ex-presidente Lula, que completa um ano neste domingo, dia 7.

“A oposição, sobretudo a liderada pelo PT, ficou bastante desarticulada após a prisão de Lula e após a derrota eleitoral”, analisou Baptistini. “O PT hoje, como maior partido da oposição, está lidando com demônios internos. Tem que se articular, reforçar vínculos com sua historia, mas, sobretudo, discutir quem será o herdeiro de Lula”, disse o professor, que não vê o líder petista de volta na liderança da sigla.

As demais legendas de esquerda, que “orbitavam o PT”, não têm a “capilaridade nem a mesma força” do Partido dos Trabalhadores para se articular na criação de uma nova oposição. “A pequena oposição que há está restrita às redes sociais”, criticou ele.

Segundo o professor, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) “conta com uma situação bastante agradável” por não ter uma oposição articulada, com capacidade de mobilização social. No entanto, ela é necessária para a dinâmica política. “Para se ter um bom governo, é preciso ter uma oposição consistente, que o empurre e o force à ação”, explicou o professor.

Ser oposição atualmente, no entanto, não consiste em negar as reformas propostas pelo governo federal, mas sim apresentar um projeto alternativo. “A oposição tem que ser propositiva. Tem que se propor ao diálogo, à construção”, avalia Baptistini. “Negar é obscurantismo, é jogar contra o Brasil.”

Embora não veja, neste momento, o surgimento de uma nova liderança, seja partidária ou pessoal, o professor Rogério Baptistini avalia que estão sendo criadas as condições para isso, o que nem sempre pode ser positivo para o país. “Diante do vazio de lideranças consolidadas no sistema de partidos e diante da quebra de expectativas da população com o aprofundamento da crise, é possível que surjam líderes providenciais, de oportunidade, que consigam catalisar esse sentimento”, disse ele.

Prisão de Lula

A prisão do ex-presidente Lula completa um ano neste domingo, dia 7. Ele se entregou à Polícia Federal na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, após quase 26 horas do prazo final estabelecido no mandado de prisão expedido pelo então juiz federal Sergio Moro.

O ex-presidente foi condenado pelo magistrado a 9 anos e 6 meses de prisão no âmbito do apartamento triplex no Guarujá, litoral paulista. Seis meses depois, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou a condenação e aumentou a pena para 12 anos e 1 mês pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Jovem Pan fez uma cronologia do que ocorreu neste um ano em que o líder petista esteve preso.

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