Dallagnol: ‘Receio que a luta contra a corrupção pare’

Coordenador da Operação Lava Jato comentou os vazamentos de supostas mensagens trocadas entre ele e membros da força-tarefa

  • Por Jovem Pan
  • 14/07/2019 13h07
Estadão Conteúdo GUILHERME ARTIGAS/ESTADÃO CONTEÚDO O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Públcio Federal, afirmou que não tem receio de depor no Congresso Nacional sobre os vazamentos de supostas mensagens trocadas entre ele, o ex-juiz e atual ministro Sergio Moro, e procuradores da Lava Jato.

“Não tenho receio porque todos os atos da Lava Jato estão justificados em fatos, provas e na lei e foram validados por diversas instâncias da Justiça”, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. “O Congresso é palco de discussões relevantes, mas de natureza política. Meu trabalho é técnico e feito perante a Justiça.”

Dallagnol afirmou não ter medo do teor de novas mensagens que possam ser publicadas. “O que receio é de que a luta contra a corrupção pare.”

Ele voltou a afirmar que não tem como comentar os diálogos vazados pelo site The Intercept Brasil e por outros veículos, como Folha de S.Paulo e Veja. Segundo o procurador, essas conversas naõ tiveram o contexto e a veracidade comprovados.

“É impossível lembrar detalhes de milhares de mensagens trocadas ao longo de anos. A mudança de uma palavra, a inserção de um “não” ou a abstração de contextos podem mudar significados”, disse ele. Para o procurador, o que foi visto até agora são “indícios de edição e evidências de que supostas mensagens, na forma como são apresentadas, contrastam com a realidade”.

Ele negou, no entanto, que tenha existido a prática de antecipar peças em elaboração e disse que, o interesse do Ministério Público, não é condenar, “mas buscar a Justiça, o que implica a absolvição de inocentes”. “Não fazemos notas contra ou a favor de pessoas.”

A respeito de uma suposta orientação de Sergio Moro a procuradores, quando ele supostamente solicita a inclusão de um dado de depósito bancário em uma denúncia, Dallagnol afirmou que a mensagem, “ainda que fosse verdadeira, não mostra atuação enviesada”.

“Na falta de manifestação do MP sobre o tal depósito, o juiz poderia ter despachado nos autos, questionando o órgão sobre o eventual arquivamento implícito do fato. Ou poderia suscitar o aditamento da denúncia, como permite o Código de Processo Penal no artigo 384. Sobre o caso em questão, o juiz absolveu os réus em relação ao depósito”, disse.

Questionado sobre se recordava de uma mensagem atribuída a Moro que expõe uma suposta preocupação em não “melindrar” o ex-presidente Fernando Henrique com a abertura de investigação, o procurador disse que, fosse para buscar aliados, seriam pessoas como o exd-presidente Lula, Eduardo cunha e Sérgio Cabral. “Os fatos deixam claro que influência, dinheiro e poder jamais foram critérios para aferir responsabilidade na Lava Jato.”

Deltan Dallagnol foi pergunta, ainda sobre como avalia a acusação de que a força-tarefa da Lava Jato tinha o objetivo de tirar Lula das eleições presidenciais do ano passado. Ele respondeu que “a Lava Jato não se resume a um ou outro caso”. Só na força-tarefa de Curitiba já passaram 19 procuradores e mais de 30 servidores. A equipe inclui eleitores do PT. Os atos judiciais são revisados por três instâncias. A teoria da conspiração não se verifica”, afirmou.

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