De 33 encontros com religiosos, Bolsonaro dedicou 30 somente a evangélicos

Presidente só teve uma reunião com grupo não-cristão durante o ano. Grandes igrejas foram as mais recebidas

  • Por Felipe Neves
  • 13/08/2019 19h35 - Atualizado em 13/08/2019 20h54
Marcos Corrêa/PR Bolsonaro lê a Bíblia com o Apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus

Em oito meses à frente da Presidência da República, Jair Bolsonaro dedicou praticamente toda a sua agenda de encontros com religiosos a grupos evangélicos. No período, ele participou de pelo menos 30 eventos organizados por lideranças relacionadas ao bloco.

O levantamento foi feito pela Jovem Pan com base nos informativos da agenda oficial do presidente no site do Palácio do Planalto.

Se contados os encontros com parlamentares ligados à bancada evangélica no Congresso, Bolsonaro reservou, no total, 38 datas de sua agenda para as lideranças do grupo. Em comparação, o presidente só participou de dois eventos da Igreja Católica, à qual diz pertencer, e um jantar organizado por muçulmanos no ano.

Quase todas as grandes denominações evangélicas do País, como Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus e Internacional da Graça de Deus tiveram seus líderes recebidos pelo presidente no primeiro semestre. Ele também participou de cultos em igrejas e foi a duas edições da Marcha Para Jesus, em São Paulo e em Brasília.

Em julho, Bolsonaro chegou a comparecer duas vezes em três dias ao evento “Conquistando pelos olhos da Fé”, realizado pela Igreja Sara a Nossa Terra. O presidente abriu o congresso na sexta, 19, e voltou no domingo, 21.

Um dos privilegiados na agenda do presidente foi o Missionário R.R. Soares, fundador e líder da Igreja Internacional da Graça de Deus. O pastor foi por três vezes ao Palácio do Planalto: em março, junho e agosto.

Soares chegou a ser beneficiado pelo Ministério das Relações Exteriores com um passaporte diplomático dias antes do segundo encontro com o Bolsonaro, mas acabou tendo o documento especial cassado pela Justiça de São Paulo.

Fervoroso defensor do presidente nas redes sociais, o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também participou de dois eventos com ele em Brasília. O último aconteceu no dia 7 deste mês, quando o chefe do Executivo prometeu a diversos pastores, entre eles R.R. Soares, que não criaria novos impostos para igrejas.

Foi durante reuniões com pastores que o presidente cogitou, por duas vezes, indicar um ministro protestante à próxima vaga aberta no Supremo Tribunal Federal. Em julho, em uma homenagem à Universal na Câmara dos Deputados, ele chegou a dizer que o nomeado seria “terrivelmente evangélico”.

Dias depois, ele usou a mesma expressão para se referir ao Advogado Geral da União, André Mendonça, membro da Igreja Presbiteriana. Em entrevista ao jornal O Globo, no entanto, o AGU negou ter interesse no Supremo. “Não estou buscando cargo”, disse.

Entre os deputados da bancada evangélica que mais tiveram espaço com o presidente está o pastor Marco Feliciano (Podemos-SP). Segundo o site do Planalto, ele esteve em ao menos 7 encontros com Bolsonaro.

O capitão reformado ainda está previsto para abrir a 15° Expo Cristã, evento do setor gospel que reúne artistas, gravadoras, editoras e empresas do mundo evangélico. A feira acontecerá em outubro, em São Paulo.

Planalto fala em “todas as categorias religiosas”

Em nota, a assessoria de imprensa do Planalto afirmou que “o presidente receberá representantes de todas as categorias religiosas. No último sábado [9], inclusive, após participar da Marcha para Jesus, ele rezou na Catedral de Brasília”.

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