Estabilidade de barragem da Vale que rompeu estava no limite da segurança, alertou consultoria alemã

  • Por Jovem Pan
  • 04/02/2019 19h55
Cadu Rolim/Estadão Conteúdo Bombeiro trabalha em Brumadinho Até o momento, bombeiros contabilizaram 134 mortos e 199 desaparecidos após rompimento de barragem

Em escala com fator mínimo de segurança de 1,50, a base da barragem que rompeu em Brumadinho (MG) era de 1,60, de acordo com relatório da empresa alemã Tüv Süd sobre a construção. Isso significa que a estabilidade da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, pertencente à Vale, estava no limite de segurança segundo normas brasileiras.

Elaborado com base em informações incompletas coletadas a partir de 2003, os documentos mostram que em visita de campo a consultoria encontrou 15 pontos de atenção. Todo esse material é usado pela defesa do coordenador do projeto, Makoto Namba, e do consultor em geotecnia, André Jum, presos há uma semana, após investigações.

A análise de estabilidade mostra que há importantes lacunas de informação. A Barragem I começou a ser construída em 1976 e recebeu dez alteamentos entre 1982 e 2013. Os técnicos da consultoria receberam dados sobre obras realizadas apenas a partir de 2003, quando a mineradora Vale assumiu a empresa que antes pertencia à Ferteco.

“Grande parte da informação disponibilizada se refere aos últimos alteamentos, sendo que para o dique de partida e os alteamentos iniciais, as informações disponíveis não são confiáveis ou inexistem, em especial no que diz respeito a sistema de drenagem interna e caracterização física e mecânica dos materiais”, segundo consta da página 84.

A partir desses dados, a consultoria recomendou à Vale a instalação de equipamentos “multiníveis em locais estratégicos” em cada uma das dez camadas. A Tüv Süd também indicou a elaboração de estudo sobre como era, de fato, a barragem. A previsão era que isso ficasse pronto em junho. Não deu tempo. A barragem rompeu em 25 de janeiro.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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