Estamos a um passo de um “verdadeiro golpe de Estado”, diz Dilma no Senado

  • Por Jovem Pan
  • 29/08/2016 10h42
DF - IMPEACHMENT/SENADO/JULGAMENTO - POLÍTICA - A presidente afastada Dilma Rousseff apresenta sua defesa no processo de impeachment nesta segunda-feira, 29, no Senado Federal, em Brasília. 29/08/2016 - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO Dilma Discurso - Impeachment

“Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional. Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado”, disse a presidente afastada Dilma Rousseff, defendendo-se na tribuna do Senado Federal, sob sessão de julgamento liderada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, na manhã desta segunda-feira (29).

“Confio que as senhoras senadoras e os senhores senadores farão justiça”, pediu. Dilma afirmou que cassar seu mandato seria “uma pena de morte política”.

A petista comparou seu julgamento com o do “tribunal de exceção” a que foi submetida na Ditadura e quase chorou quando lembrou das torturas sofridas na época e da “grave doença” que enfrentou.

“Diante das acusações, não posso deixar de sentir o gosto áspero e amargo da injustiça e do arbítrio”, afirmou a presidente afastada.

“Dilma falou em “fincar os pés no terreno que está do lado certo da história”. “Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça. Luto pelo povo do meu país e pelo seu bem estar”, disse.

Dilma x crime de responsabilidade

“Não cometi nenhum crime de responsabilidade. Não cometi nenhum crime dos quais sou acusada injustamente”, garantiu a petista, dizendo ter ido ao Parlamento para “olhar nos olhos” dos senadores que a julgam.

“Não pratiquei ato ilícito. Está provado que não agi dolosamente em nada”, disse Dilma Rousseff. “Esse processo está marcado do início ao fim por um clamoroso desvio de poder”. Ela afirmou que os decretos de crédito suplementar não aprovados pelo Congresso, pelos quais é julgada, não constituem ilegalidade.

Dilma x Temer

A presidente afastada também atacou o presidente interino Michel Temer e afirmou que ocorre “eleição indireta de um governo usurpador”.

Dilma disse que “está em jogo” conjunto de programas sociais, assim como “a grande descoberta do Brasil, o pré-Sal”, além da “autoestima dos brasileiros e brasileiras” que ajudaram a realizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Ao afirmar que a autoestima dos brasileiros está em jogo, Dilma engasgou e apoiadores a aplaudiram para disfarçar. Como havia antecipado que faria, Lewandowski reprmiu a manifestação do público.

A presidente também citou que “conquistas importantes para as mulheres, os negros e os LGBT” estarão em jogo com a troca da presidência.

Dilma x “elites conservadoras e autoritárias”

A presidente começou a descrever o processo de impeachment desde as eleições de 2014 e culpou seu eventual impeachment às “elites conservadoras e autoritárias”.

“O resultado eleitoral de 2014 foi um rude golpe para setores da elite brasileira”, afirmou a petista. Ela disse que a oposição não soube perder as eleições.

“Esse impeachment foi aberto por chantagem explícita de Eduardo Cunha”, disse Dilma. “Nunca aceitei ameaças ou chantagens”, repetiu.

Corrupção

“É notório que durante o meu governo e do governo Lula foram dadas todas as condições para que as investigações fossem realizadas”, disse também Dilma, sobre denúncias de corrupção que fizeram parte do impeachment. Presidente petista repetiu que “paga o preço” por ter “contrariado interesses” na luta contra os desvios de recursos públicos.

“Todos sabem que não enriqueci no exercício do cargo público”, disse Dilma. “Sempre agi com probidade”, garantiu, citando também não ter contas no exterior em clara referência ao deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

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