“Estão errando no tempo”, diz cientista político sobre pronunciamentos do Governo após as manifestações

  • Por Jovem Pan
  • 16/03/2015 16h03
Giuliano Di Sevo Os rostos

Após as manifestações que mobilizaram 1,7 milhão de pessoas por todo o país, segundo a Polícia Militar, tanto o Governo quanto a sociedade reagiram a maior movimentação depois do Diretas Já. A reação ao discurso feito no domingo (15) pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo e da Secretaria-Geral da Presidência da República, bem como à coletiva de imprensa concedida nesta segunda-feira (16) por Cardozo e pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, mostrou que o Governo não possui espaço para retórica.

Em entrevista a Jovem Pan, o cientista político da Fundação Getulio Vargas, Marco Antonio Teixeira disse que o Governo de Dilma está errando no tempo. “Errou lá atrás com o pronunciamento de Dilma em cadeia nacional, em que deixou o ministro da Fazenda falando sobre medidas econômicas. No momento em que ela deveria se ausentar do debate público, ela acabou indo para a TV falar sobre tudo o que todos já sabiam”, relatou.

Teixeira ainda explicou que é necessário o Governo tomar posições: “ou toma decisões e faz encaminhamentos concretos daqui pra frente ou as dificuldades vão aumentar. Aumentando as dificuldades o futuro passa a ser cada vez mais incerto”.

A respeito do panelaço feito pelos brasileiros em algumas cidades durante o pronunciamento dos ministros na noite de ontem, o cientista político acredita que é necessário saber escutar. “Eu vejo de maneira muito estranha o panelaço de ontem, porque quem está protestando tem que escutar também. Para talvez até aumentar o tom da crítica depois”, ressaltou.

Sobre as manifestações de ontem, ele disse que vê dois motivos: a indignação generalizada com o alcance dos escândalos de corrupção e a piora dos indicadores econômicos. “Obviamente que, a partir disso, se desencadeia uma espécie de protesto geral contra a classe política. (…) O que a gente percebe é que se não surgirem lideranças para sentar e negociar, a gente corre o risco de repetir 2013: ter muita gente na rua, ter algumas conquistas, mas pouco resultado substantivo em termos de mudanças institucionais”, lembrou.

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