Família de Marielle relata angústia com falta de informações da polícia

  • Por Estadão Conteúdo
  • 13/06/2018 17h11
Guilherme Cunha/Alerj Marielle Franco A vereadora, quinta mais votada do Rio em 2016, foi morta a tiros de submetralhadora em seu carro, no Estácio, zona central da cidade
Num ato realizado pela Anistia Internacional na porta do prédio do Ministério Publico, no centro do Rio, nesta quarta-feira (13), para marcar os três meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o pai dela, Antonio Francisco Silva, se disse angustiado com a falta de informações sobre as investigações.

A vereadora, quinta mais votada do Rio em 2016, foi morta a tiros de submetralhadora em seu carro, no Estácio, zona central da cidade. O motorista dela, Anderson Gomes, também foi vitimado pelo ataque.

“Queremos uma resposta à altura do crime. O silêncio nos deixa muito angustiado. O delegado diz ser necessário. É ineficiência da polícia? Todas as informações que recebemos são através da imprensa”, lamentou o pai.

Marielle era defensora dos direitos humanos, com foco principalmente em mulheres e populações faveladas. A polícia investiga a participação de milicianos no caso, mas não vem divulgando os passos do inquérito.

A família de Marielle e representantes da Anistia foram recebidos pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussen, que reafirmou o compromisso da instituição na elucidação dos homicídios. “É importante chegarmos aos verdadeiros culpados. É óbvio que uma investigação dessa complexidade leva um tempo significativo. Ela era a maior representante dos direitos humanos hoje em dia. Três, quatro, cinco meses… Não queremos encontrar qualquer culpado”, declarou Gussen.

“Estamos confiantes, não estamos sozinhos. Quando agrega uma instituição a mais, nos fortalece. Com Copa (do mundo) ou sem Copa, não vamos deixar o crime ser esquecido. Aquele é sangue meu, vou reivindicar”, disse a mãe de Marielle, Marinete Silva. “A gente não pode deixar com que a Copa ou outros fatos façam com que o caso perca força. Foi um crime político, contra a nossa democracia. Não pode ser mais um caso”, afirmou a mulher da vereadora, Mônica Benício.

A Anistia cobrou a convocação de uma força-tarefa do MP para o caso e um posicionamento da Secretaria de Estado da Segurança sobre o empenho nas investigações. A secretaria informou nesta quarta-feira que não daria informações à imprensa sobre a apuração.

Uma testemunha (um ex-PM preso por outros crimes) relatou que a execução foi encomendada pelo vereador Marcello Siciliano (PHS). Ele teria envolvimento com milícias da zona oeste. Com suas ações políticas, Marielle teria “atrapalhado” a atuação do grupo em favelas da região. O vereador nega envolvimento.

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