Gestão Bolsonaro tem a menor representação partidária dos últimos seis governos

  • Por Jovem Pan
  • 05/02/2019 14h47
Presidência da República Bolsonaro tem pregado ser contra coalizão e deve ter desafios no parlamento

A atual composição ministerial do governo é a que menos tem relação com o tamanho dos partidos na Câmara dos Deputados. A análise contempla as últimas seis gestões federais eleitas. As legendas representadas no primeiro escalão da equipe do presidente Jair Bolsonaro (PSL) têm apenas 24% das vagas ocupadas por parlamentares na Casa.

Em 1995, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tomou posse e contemplou com cargos em ministérios os partidos que dominavam 57% da Câmara – total pouco abaixo do mínimo necessário para aprovar mudanças constitucionais (60% do parlamento). No segundo mandato, a base de deputados em cargos-chave ficou ainda mais ampla: 80%.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a governar com uma taxa de 42% e, ao ser reeleito, ampliou essa representatividade para 66%. Também petista, a sucessora, Dilma Rousseff, manteve margens semelhantes à segunda gestão do correligionário: 63% no primeiro mandato e 64% no segundo, que foi interrompido por impeachment.

Tanto o tucano quanto os petistas – que tinham agenda de reformas dependente de aval do Congresso Nacional – distribuíram pastas como forma de reunir aliados e garantir fidelidade. Ainda que a lealdade nunca tenha sido absoluta, a história aponta que a participação no governo influencia o comportamento de bancadas legislativas.

Coalizão

O presidencialismo de coalizão, que marcou a política brasileira nos últimos anos, é rejeitado por Bolsonaro. Com isso, o presidente terá o desafio de garantir apoio na Câmara e no Senado Federal mesmo sem compartilhar o poder com os parlamentares. Nem mesmo a base de 24% dos deputados federais é vista como algo sólido.

Atualmente, alguns partidos que já estão integrando o primeiro escalão do governo ainda não se sentem representados. Isso porque os líderes não participaram da indicação de cargos. É o caso do DEM (que cuida de Casa Civil, Saúde e Agricultura), do MDB (de Osmar Terra, da Cidadania) e do Novo (ligado a Sallim Mattar, secretário de privatizações).

Bolsonaro, contudo, tem a favor uma afinidade ideológica com a maioria dos deputados. As bancadas da Bíblia (religiosos), do boi (representantes do agronegócio) e da bala (defensores da liberação de armas) estão alinhadas com o discuso, com as pautas e algumas das metas já apresentadas pela equipe do Poder Executivo.

As bancadas temáticas, entretanto, se dividem quando temas em votação escapam das esferas imediatas de atuação. Por outro lado, nos partidos, os líderes orientam cada voto e costuma haver unidade. Prioridade, a reforma da Previdência deve mostrar até que ponto vai a ruptura com o modelo de cooptação de legendas por meio da distribuição de cargos.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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