Laudo da Polícia Federal relaciona Palocci, Lobão e Delfim Netto a propinas da Usina de Belo Monte

  • Por Jovem Pan
  • 21/01/2019 15h15 - Atualizado em 21/01/2019 15h27
EFE EFE/HEDESON SILVA A obra foi a maior do setor elétrico realizada nos governos petistas

Um laudo anexado pela Polícia Federal ao inquérito que investiga irregularidades na construção da Usina de Belo Monte confirma informações reveladas pelo ex-ministro Antonio Palocci em delação premiada. Ex-chefe da Fazenda e da Casa Civil, ele incriminou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff ao relacioná-los a negociações de propina para PT e MDB.

A obra foi a maior do setor elétrico realizada nos governos petistas, e o documento pericial teria confirmado dados sobre corrupção da empreiteira Odebrecht. Ao menos R$ 135 milhões foram cobrados das empresas envolvidas no leilão de concessão e obra – inicialmente orçada em R$ 13 bilhões e que vai custar mais de R$ 30 bilhões.

O laudo 2035/2018 do setor técnico-científico da Polícia Federal do Paraná conclui que há registros de que “italiano”, “esquálido” e “professor” estão relacionados a valores do centro de custo “Belo Monte” em arquivos da seção de propinas da construtora. Esses apelidos identificavam, respectivamente, Palocci, Edison Lobão e Antônio Delfim Netto.

Emedebista, Lobão foi ministro de Minas e Energia entre 2008 e 2010, na gestão de Lula, e entre 2011 e 2015, na presidência de Dilma. Delfim Netto foi ministro da Fazenda durante a ditadura militar, nos anos de 1967 e 1974 – indicado pelo então presidente Artur da Costa e Silva. Ele ficou famoso como responsável pelo chamado “milagre econômico”.

Conclusão

“Foram constatados, a partir de exames periciais em arquivos, registros de transações monetárias entre a empresa Odebrecht e os beneficiários de codinomes ‘Italiano’, ‘Esquálido’ e ‘Professor’ com débito na Obra/Centro de Custo ‘UHE Belo Monte‘”, registra conclusão do laudo contábil-financeiro, assinado pelo perito federal Ivan Roberto Ferreira Pinto.

O laudo foi anexado na última quinta-feira (17) ao inquérito da Polícia Federal em Curitiba (PR) que apura corrupção em Belo Monte e é de 30 de outubro do ano passado – um mês antes de Palocci ter os benefícios de seu acordo de colaboração reconhecidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), e ir para casa depois de dois anos preso.

A produção foi feita para “buscar todos os recursos negociados, tratados, pagos e liquidados, por conta da obra da usina ou outra rubrica que identifique a obra, não devendo se restringir aos sistemas da empresa (Odebrecht), mas podendo ser objeto de todos os materiais apreendidos em decorrência das apreensões cumpridas na Operação Lava Jato“.

Delação

Antonio Palocci é o primeiro delator do núcleo político de comando do esquema de corrupção na Petrobras. Ele contou sobre a atuação direta no acerto de R$ 135 milhões em propinas em Belo Monte – equivalente a 1% do contrato de R$ 13,5 bilhões. O valor teria sido dividido de forma igualitária entre o PT e MDB e incrimina Lula e Dilma.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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