Maia cobra que Bolsonaro ‘faça política’ e assuma importância da Previdência

Divulgação O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu um recado duro ao presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (23), depois que a reforma da Previdência conseguiu passar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), após 62 dias de tramitação. Segundo ele, o governo precisa “fazer política” e assumir a importância da reforma da Previdência.

“O governo se omitiu, basicamente, tirando a participação do Onyx [Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil] e um pouco a participação do presidente, mas sempre do lado negativo, ‘eu sou contra, mas sei que o Brasil quebra'”, disse Maia. Bolsonaro já disse em algumas ocasiões que, se pudesse, não aprovaria a reforma da Previdência, mas sempre ressalvou que a medida é necessária para o Brasil. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu a investidores em Washington que o presidente não está apaixonado pela reforma.

“Nós queremos que ele [Bolsonaro] entenda que, se ele representa todos os 200 milhões de brasileiros, se ele aprovar a Previdência, ele vai garantir aposentadoria e empregos para os brasileiros”, afirmou o presidente da Câmara. Maia continuou dizendo que Bolsonaro “precisa ter certeza de que a aprovação da reforma da Previdência é boa para o Brasil, boa para os brasileiros”.

Na avaliação do deputado, o governo precisa dialogar e construir uma base de apoio. “O governo não pode ter na base apenas o partido do presidente da República”, avisou. Ele alertou que, numa democracia, o presidente não pode impor suas vontades ao Congresso, que pode até votar sozinho, mas “chega uma hora que precisa do governo”. “É importante que o governo assuma esse papel, essa clareza. Ponha ar dentro do peito e diga ‘a reforma é importante para o Brasil e para os brasileiros'”, afirmou.

Maia advertiu ainda que o governo hoje não tem votos para aprovar nem a reforma da Previdência, nem qualquer outra reforma polêmica. Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o texto precisa de 308 votos na Câmara para ser aprovado. Para melhorar a articulação, o presidente da Câmara sugeriu a Bolsonaro que seu governo “faça política”.

“Não existe velha ou nova política. Existe política”, disse Maia, que já protagonizou troca de farpas com Bolsonaro justamente após o presidente criticar o que classifica de toma lá da cá dos partidos em troca de votos no Congresso Nacional.

Defensor da reforma da Previdência, Maia disse que a proposta é um primeiro passo para que o país volte a ter espaço no Orçamento para iniciativas sociais.

*Com informações do Estadão Conteúdo