Mapa mosta que desigualdade da Primeira Infância é fruto de políticas públicas mal construídas

  • Por Jovem Pan
  • 05/12/2017 16h17 - Atualizado em 05/12/2017 16h22
Marcelo Camargo/Agência Brasil Marcelo Camargo/Agência Brasil 500 mil crianças da cidade de São Paulo vivem nos 26 piores distritos em termos de educação, saúde, segurança e saneamento

Dados do Mapa da Desigualdade da Primeira Infância, elaborado pela Rede Nossa São Paulo, mostram que a cidade de São Paulo não é acolhedora para crianças. Os indicadores alarmantes destacam áreas como educação, saúde, assistência social, meio ambiente, entre outros. Em 2016, 21 crianças de até um ano morreram na Sé contra uma em Perdizes.

Em entrevista à Jovem Pan, o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, destacou que o estudo serve de alerta para a sociedade, uma vez que 500 mil crianças da capital estão nos 26 piores distritos em termos de serviços. “Temos 1 milhão de crianças nessa faixa etária de 0 a 6 anos, o que dá quase 10% população da cidade. Mas onde elas vivem? Observamos que elas têm grandes chances de não desenvolver seu potencial por estarem nessas áreas com problemas em educação, saúde e saneamento. O mapa ajuda na construção de políticas públicas”, explicou Abrahão.

Segundo o coordenador da Nossa São Paulo a desigualdade não é natural, mas fruto de políticas públicas mal construídas, principalmente por conta da concentração de investimentos em algumas regiões em detrimento de outras. “Se você tem um distrito na periferia de São Paulo, como a Vila Andrade, em que se espera 401 dias por uma vaga numa creche, é evidente que há um problema sério. Assim como em Brasilândia, em que a demora para uma consulta junto ao pediatra leva 41 dias”, disse.

O coordenador-geral da Nossa São Paulo ressaltou que o estudo também serve de embasamento para outras cidades. “Esse trabalho tem caráter de gerar referência. Se fizemos na maior cidade do país, temos condições de fazer em outras cidades”, afirmou.

Abrahão cita como exemplo o caso de Jaguariúna, no interior do estado, que conseguiu reduzir a mortalidade infantil. “Em Jaguariúna havia um grande problema de mortalidade infantil. A ONU preconiza que o pré-natal tenha até 6 atendimentos para uma mulher grávida. Eles passaram a fazer 12 atendimentos e davam condições logísticas para que as gestantes tivessem acesso. No pós-natal foram realizados acompanhamentos por um determinado período. Eles conseguiram zerar a mortalidade e até ganharam um prêmio da ONU”, relembrou.

“Os caminhos muitas vezes não são tão custosos. Não há tema mais importante na sociedade do que esse tema de crianças de 0 a 6 anos”, finalizou Jorge Abrahão

*Com informações do repórter Carlos Aros

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