Museu do Louvre poderá emprestar peças para o novo Museu Nacional

Em 2 de setembro do ano passado, um incêndio consumiu parte do acervo de 12 mil peças do museu brasileiro, ligado à Universidade Federal do Rio

  • Por Jovem Pan
  • 06/06/2019 11h03
Estadão Conteúdo O Museu Nacional, que foi destruído em um incêndio em setembro de 2018, é o mais antigo centro de ciência do país e está localizado no Rio de Janeiro

O Museu Nacional, o mais antigo centro de ciência do país localizado no Rio de Janeiro, poderá ter peças emprestadas do Museu do Louvre, na França. Em 2 de setembro do ano passado, um incêndio consumiu grande parte do acervo de 12 mil peças do museu brasileiro, ligado à Universidade Federal do Rio.

O diretor da instituição brasileira, Alexander Kellner, esteve reunido na terça-feira (4) em Paris com o presidente do museu francês, Jean-Luc Martinez, de quem ouviu a promessa do empréstimo de longo prazo de peças.

“Ele se interessou muito pela situação do museu e prometeu, inclusive, nos fazer uma visita no ano que vem. Ele está muito interessado em saber como anda a reconstrução do Museu Nacional”, contou Kellner. “E uma vez que a gente estiver pronto, ele já acenou para a possibilidade de um empréstimo de material do Louvre por longo termo. Estamos muito animados com isso.”

Uma das maiores perdas do Museu Nacional foi justamente parte da coleção egípcia, listada entre as mais importantes do mundo e a maior da América Latina. Grande parte dela foi trazida ao País pelo primeiro imperador do Brasil, d. Pedro I. Meses após o incêndio, foram encontradas cerca de 200 itens da coleção egípcia, que puderam ser regastados.

De acordo com o catálogo do Museu Nacional, a maior parte do acervo egípcio foi comprada em um leilão, em 1826, pelo monarca. Não há registro preciso sobre a procedência das peças, mas acredita-se que elas tenham vindo de Tebas — onde hoje fica a região de Luxor, no sul do país africano.

Três múmias desta coleção eram consideradas particularmente importantes e se perderam: a de Hori, um alto funcionário da hierarquia egípcia que viveu por volta de 1.000 a.C.; a Harsiese, que também teria um cargo importante e viveu por volta de 650 a.C.; e uma múmia feminina datada do século 1.º, sobre a qual se tem poucas informações. O que a tornava rara e preciosa era a técnica usada para enfaixá-la, envolvendo braços, pernas e dedos das mãos individualmente.

A peça considerada a mais importante da coleção, no entanto, era o esquife (caixão) da dama Sha-amun-em-su, ricamente trabalhado. Em 1876, quando visitou o Egito, o imperador dom Pedro II o ganhou de presente e o manteve em seu gabinete até a proclamação da República, em 1889, quando a peça passou a integrar a coleção do Museu Nacional.

“O material que querem emprestar é variável: peças egípcias, mas também greco-romanas, além de outras coisas que possam interessar a gente”, disse Kellner. “É muito legal.”

Até abril, o Museu Nacional também havia recebido R$ 150 mil do British Council e cerca de R$ 800 mil – que podem chegar a R$ 4,4 milhões – do governo da Alemanha. A reconstrução do espaço está estimada em cerca de R$ 100 milhões.

Causas do incêndio

Em abril, a Polícia Federal apresentou o laudo da investigação do incêndio e apontou como causa mais provável das chamas um curto-circuito em um de ar-condicionado, localizado no auditório do térreo do edifício. A conclusão dos peritos servirá como base ao inquérito da PF para apontar possíveis responsáveis, que poderão responder criminalmente.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.