“Não queremos que o nosso País vire a Venezuela”, diz Janaína Paschoal

  • Por Jovem Pan
  • 03/04/2018 21h26 - Atualizado em 03/04/2018 21h27
NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO Jurista lamentou mudança de posicionamento do STF: "Se liberar um, vai liberar uma fila"

Na noite desta terça-feira (3), a Avenida Paulista foi tomada por diversos manifestantes que protestavam contra o habeas corpus do ex-presidente Lula, que será julgado nesta quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles estava a jurista Janaína Paschoal, uma das autoras do impeachment da presidente Dilma Rouseff. Para ela, o protesto não deve ser visto como uma forma de pressão, e sim como um “apelo das ruas” para que o Brasil não se torne uma Venezuela.

“Estou aqui porque eu acho que é importante mostrar para o STF que esse julgamento representa muito mais, que nós estamos conscientes que se eles liberarem o ex-presidente Lula é porque vão liberar os demais. Liberando um, vai ser uma fila de liberação. Então, estamos aqui para pedir que o STF não mude seu posicionamento, porque a população está vendo o que está acontecendo, e nós não queremos que o nosso país se transforme em uma Venezuela”, disse a jurista, em entrevista para a Jovem Pan.

Ao analisar o mérito sobre a prerrogativa da prisão em segunda instância, Janaína relembrou que em 2016 o STF, com a mesma disposição que tem atualmente, manteve a interpretação que de a sentença poderia ser executada e questionou o que pode ter mudado no entendimento dos ministros para que isso seja modificado apenas dois anos depois.

“Não existe justificativa. Para nós, que estamos sofrendo há anos nessa batalha em prol da depuração do País, esse movimento de mudança do STF é um balde de água fria. Esse povo todo não está aqui para fazer pressão. Estamos aqui para mostrar que não aguentamos mais, que não somos trouxas. Isso é quase como um clamor. São muitas forças do mal trabalhando contra o Brasil, mas a população está nas ruas para mostrar que também existe uma corrente de bem”, afirmou Janaína.

Apesar de afirmar que o movimento não é um “desejo de vingança” da população, e que o povo apenas está querendo que a lei seja cumprida, Janaína afirmou estar preparada para uma possível candidatura do ex-presidente Lula.

“Queremos que a legislação seja cumprida. Isso é importante. Nós vivemos em um sistema que é feito para ser corrompido e queremos dar um basta nisso. Porém, tenho para mim que eles vão liberar o ex-presidente e dar um jeito de autorizar a candidatura. Não sou uma pessoa iludida. Estou preparada para ele ser candidato e não descarto ele ainda ganhar. A intelectualidade, os formadores de opinião, estão muito fechados com ele. É triste? É, mas não vai ser surpresa nenhuma, porque o grau de crime nesse país é uma coisa assustadora”, finalizou ela.

*Com informações da repórter Marcella Lourenzetto

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