‘Nossa democracia estava capenga sem liberais na economia’, diz Paulo Guedes ao assumir ministério

  • Por Jovem Pan
  • 02/01/2019 17h07 - Atualizado em 02/01/2019 17h17
Fátima Meira/Estadão Conteúdo Guedes assumiu Ministério da Economia nesta quarta-feira

Paulo Guedes assumiu oficialmente o comando do Ministério da Economia na tarde desta quarta-feira (2), em Brasília. Em cerimônia, ele criticou o excesso de gastos públicos, defendeu reformas e ressaltou a importância na mudança ideológica de governo. A nova “superpasta” englobará Fazenda, Planejamento e parte de Indústria e Comércio Exterior.

“Houve uma mudança de eixo. Após 30 anos de revezamento da centro-esquerda, há agora aliança de conservadores no costume e liberais na economia”, disse. “Nossa democracia estava capenga sem isso”, completou. Esse foi o primeiro discurso de Guedes após a posse presidencial de Jair Bolsonaro.

O economista também não poupou críticas ao descontrole de gastos cometidos, segundo ele, por governantes desde Ernesto Geisel, que comandou o país de 1974 a 1979, durante a ditadura militar. Para ele, a gastança dos gestores – acima da variação do Produto Interno Bruto (PIB) – contribuiu para “hiperinflação”, alta de impostos e endividamento em massa.

Ainda segundo Guedes, o teto de gastos definido pelo ex-presidente Michel Temer auxiliou no combate ao problema, mas não o solucionou de fato. Por isso, o novo governo deve começar pela redução de gastos. “Você não precisa cortar, é só não deixar crescer no ritmo que crescia.”

“A dimensão fiscal [alta de gastos públicos, que gerou rombos fiscais nos últimos anos] foi sempre o calcanhar de Aquiles de todas nossas tentativas de estabilização. O descontrole da expansão de gastos públicos é o mal maior”, destacou ele. “Há uma hora em que precisa ser enfrentado o fenômeno. E a hora é agora.”

Teto sem paredes

Ainda no discurso sobre o tema, o novo comandante da economia declarou que, apesar de útil, o teto de gastos não tem sustentação sem “reformas estruturantes”, como a da Previdência. “O teto está aí, mas sem paredes de sustentação cai. Essas paredes são as reformas. Temos de aprofundar as reformas.”

“Quando você examina os gastos públicos, o primeiro e maior [gasto] é exatamente a previdência. A máquina do governo virou uma gigantesca engrenagem de transferência perversas de renda, em todas as suas dimensões”, avaliou. A meta do presidente é dividir a reforma para aprová-la em partes no Congresso Nacional.

“A Previdência é atualmente uma fábrica de desigualdades. Quem legisla tem as maiores aposentadorias, quem julga tem as maiores aposentadorias. O povo brasileiro, as menores”, declarou. “O Estado gasta muito e gasta mal.”

Super ministro

Depois de agradecer a confiança de Bolsonaro, Guedes afirmou que o trabalho econômico vai ser uma “construção conjunta”. Ao longo da campanha e após a vitória nas eleições de outubro, ele foi apontado como “super ministro”. “Não existe super ministro, não existe alguém que vai consertar os problemas do Brasil sozinho”, disse.

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