Novo inquérito contra médium apura posse ilegal de armas de fogo

  • Por Jovem Pan
  • 20/12/2018 20h49 - Atualizado em 20/12/2018 21h16
Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo armas Cinco armas foram encontradas no quarto de um dos endereços do médium

Depois de indiciar João de Deus por violência sexual mediante fraude, a Polícia Civil de Goiás abriu um novo inquérito contra o médium nesta quinta-feira (20). Agora, ele também é investigado pela posse ilegal de armas de fogo, com o agravante de um revólver ter sido encontrado com numeração raspada durante busca em sua casa, no interior goiano.

Cinco armas foram localizadas durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, na terça-feira (18). Elas estavam espalhadas pelo quarto do líder espiritual em um de seus endereços na cidade de Abadiânia (GO), cidade onde ele fez fama como ao realizar “cirurgias” e tratamentos espirituais por meio de entidades que diz “incorporar”.

Foram apreendidos e encaminhados à perícia dois revólveres de calibre 32, um de calibre 38, uma pistola de calibre 380 – com capacidade para 12 tiros – e a garrucha de calibre 22 que tinha a identificação suprimida. Diversas munições, algumas estrangeiras, estavam com o médium – entre elas, uma de calibre 357, de uso exclusivo das Forças Armadas.

De acordo com policiais, o armamento não está registrado na Polícia Federal nem no Exército. Por isso, João terá de se justificar à justiça. “Ele vai responder pela posse e a questão da arma [com numeração raspada] terá uma qualificação diferenciada”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil do estado de Goiás, André Fernandes.

Mala de dinheiro

Na mesma busca em que acharam as armas, os policiais localizaram uma mala com R$ 405 mil em espécie. O valor estava distribuído em diferentes tipos de moeda – como euros, pesos argentinos, francos suíços e dólares americanos e canadenses. A maior parte do dinheiro era composta por notas de real. A origem dos valores é desconhecida até o momento.

Na apreensão, agentes consideraram “estranha” a quantidade, considerada “anormal” por estar armazenada dentro de uma residência comum. Por causa desse alto valor, é provável ainda que o médium seja investigado também pelo Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro da polícia goiana, no que seria um terceiro inquérito.

Indiciamento

Polícia Civil indiciou João de Deus nesta quinta-feira (20) por violação sexual mediante fraude. O crime teria sido cometido contra uma mulher de cerca de 40 anos em 24 de outubro deste ano, durante atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). O inquérito será remetido ao Ministério Público (MP).

Acusações

O líder espiritual está preso preventivamente desde o último domingo (16), quando se entregou à polícia em Abadiânia (GO). Ele é acusado de ter cometido abusos sexuais por mais de 500 mulheres de sete países. Além disso, ele movimentou R$ 35 milhões após as primeiras denúncias e a polícia encontrou dinheiro em um imóvel dele.

Habeas corpus

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, está avaliando nesta quinta-feira (20) a liberdade a João de Deus. Mais cedo, a defesa do médium havia pedido habeas corpus à Corte. Para julgar o caso, o ministro chegou a pedir informações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Esse é a terceira tentativa de liberação.

O habeas corpus apreciado por Dias Toffoli é o terceiro impetrado pela equipe de advogados capitaneada por Alberto Toron. Na quarta, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro negou a solicitação do advogado. Um dia antes, na terça (18), o Tribunal de Justiça de Goiás já havia indeferido outro pedido.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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