Operação Furna da Onça: ‘Mensalinho’ da Alerj movimentou ao menos R$ 54 milhões, diz PF

  • Por Jovem Pan
  • 08/11/2018 12h33 - Atualizado em 08/11/2018 12h37
Jose Lucena/Estadão Conteúdo Deputado Marcelo Simão (PP) chega à sede da Polícia Federal, no Rio de Janeiro (RJ), após ser preso durante um desdobramento da Operação Lava Jato

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (08) a Operação Furna da Onça, que investiga o “mensalinho” da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Segundo apuração, os valores chegavam a R$ 900 mil. Em entrevista coletiva, o superintendente da PF Ricardo Saadi afirmou que o esquema de compra e venda de votos na Alerj movimentou ao menos R$ 54 milhões.

“A Furna da Onça revelou que há esquema envolvendo não só pagamento em espécie, propina, mas também a entrega de cargos públicos como moeda de troca. É bom que os senhores atentem, porque e muito comum acharmos que o loteamento de cargos entre políticos é algo natural do processo democrático. Não é. Fisiologismo não faz parte da democracia. Fisiologismo é a receita para a corrupção. Não por acaso a relação entre esses deputados e o executivo foi pautado pela promiscuidade. A Alerj se transformou em uma verdadeira ‘propinolândia’, tamanha a quantidade de benefícios repassados a esses deputados em troca de apoio para organização criminosa”, disse Carlos Aguiar, do Ministério Público Federal.

Dos 22 mandados de prisão expedidos, 20 foram cumpridos até 11h. Vale lembrar que três deputados já estavam presos há um ano em decorrência da Operação Cadeia Velha. Do restante, 17 são deputados estaduais. Foram também expedidos 47 mandados de busca e apreensão.

Seguem foragidos o presidente do Detran, Leonardo Jacob, e seu antecessor, Vinícius Farah. Segundo a força-tarefa, ambos, em suas gestões, lotearam cargos como parte de vantagens indevidas.

A operação, denominada Furna da Onça, foi determinada por desembargadores da 1ª Seção Especializada do TRF2. O nome da ação faz referência a uma sala de reuniões localizada ao lado da Alerj onde deputados se reúnem para rápidas reuniões antes de votações.

A ação mira esquema de compra de apoio político de parlamentares. O alvo da operação é o grupo da base do MDB do ex-governador do Estado, Sérgio Cabral, que comanda o RJ há mais de 10 anos.

A organização criminosa chefiada por Cabral pagava propina a diversos deputados estaduais de modo que estes patrocinassem interesses do grupo na Assembleia Legislativa do Estado do RJ.

Segundo as investigações, o “mensalinho” era resultado de um sobrepreço dos contratos estaduais e federais.

Os parlamentares eram beneficiados, de forma ilícita, com loteamento de cargos em órgãos públicos do Estado.

Os alvos da ação desta quinta devem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.

Confira os alvos da Operação Furna da Onça:

Poder Executivo

– Affonso Monnerat, secretário estadual de Governo;

– Leonardo Jacob, presidente do Detran, foragido;

– Vinícius Farah (MDB), ex-presidente do Detran, eleito deputado federal, foragido.

Poder Legislativo

– André Correa (DEM), deputado estadual reeleito e ex-secretário estadual de Meio Ambiente;

– Chiquinho da Mangueira (PSC), deputado estadual reeleito e presidente da escola de samba;

– Coronel Jairo (MDB), deputado estadual não reeleito;

– Edson Albertassi (MDB), deputado afastado – já está preso em Bangu;

– Jorge Picciani (MDB), deputado afastado – já está em prisão domiciliar;

– Luiz Martins (PDT), deputado estadual reeleito;

– Marcelo Simão (PP), deputado estadual não reeleito;

– Marcos Abrahão (Avante), deputado estadual reeleito;

– Marcus Vinícius Neskau (PTB), deputado estadual reeleito;

– Paulo Melo (MDB), deputado afastado – já está preso em Bangu;

Assessores parlamentares e auxiliares

– Alcione Chaffin Andrade Fabri, chefe de gabinete e operadora financeira de Marcos Abrahão;

– Daniel Marcos Barbiratto de Almeida, enteado e operador financeiro de Luiz Martins;

– Jennifer Souza da Silva, empregada do Grupo Facility/Prol, vinculada a Paulo Melo;

– Jorge Luis de Oliveira Fernandes, assessor e operador financeiro de Coronel Jairo;

– José Antonio Wermelinger Machado, ex-chefe de gabinete e principal operador financeiro de André Corrêa;

– Leonardo Mendonça Andrade, assessor e operador financeiro de Marcos Abrahão;

– Magno Cezar Motta, assessor e operador financeiro de Paulo Melo;

– Shirlei Aparecida Martins Silva, ex-chefe de gabinete de Edson Albertassi e subsecretária dos Programas Sociais da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social.

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