Petrobras demite funcionários investigados em nova fase da Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 06/12/2018 10h23
Estadão Conteúdo A 57ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira (5), investiga o pagamento de pelo menos US$ 31 milhões em propinas a funcionários da Petrobras, entre 2009 e 2014, por grandes empresas tradings

A Petrobras demitiu por justa causa, na noite desta quarta-feira (5), os funcionários investigados na 57ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem. Segundo a estatal, existem “fortes evidências de envolvimento em irregularidades”.

Batizada de Sem Limites, essa etapa da operação investiga o pagamento de pelo menos US$ 31 milhões em propinas a funcionários da Petrobras, entre 2009 e 2014, por grandes empresas do mercado de petróleo e derivados — conhecidas como tradings.

Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, funcionários da estatal receberam propina para alterar valores na compra e venda de petróleo e derivados com empresas estrangeiras. Os suspeitos também teriam realizado negócios irregulares de locação de tanques de armazenagens e, com alterações de centavos na negociação de cada barril, o esquema envolvia milhões de dólares devido à grande quantidade de combustível movimentada diariamente.

A operação

Ao todo, foram expedidos nesta etapa da Lava Jato, onze mandados de prisão preventiva, 27 de busca e apreensão e um de intimação. Um dos alvos de busca e apreensão foi Omar Emir Chaves Neto, diretor de empresa de transporte marítimo e ligado ao ex-cônsul da Grécia.

Dentre as empresas investigadas com atuação internacional, estão gigantes como Vitol, Trafigura e Gleconre. Apenas entre 2011 e 2014, essas três empresas efetuaram pagamentos de propinas para intermediários e funcionários da Petrobras nos montantes de US$ 5,1, US$ 6,1 e US$ 4,1 milhões, respectivamente.

Os pagamentos de propina a funcionários da Petrobras tinham como contrapartida a obtenção de facilidades, como conseguir preços mais vantajosos e realizar contratos com a estatal com maior frequência. Esses funcionários pertenciam à gerência executiva de Marketing e Comercialização, que é subordinada à diretoria de Abastecimento.

Ainda de acordo com a procuradoria, as operações de trading e de locação que subsidiaram os esquemas de corrupção foram conduzidas pelo escritório da Petrobras em Houston, no estado do Texa (Estados Unidos), e pelo centro de operações no Rio de Janeiro.

Nome da propina

Funcionários que recebiam o pagamento de propina se referiam aos montantes como “delta”, uma alusão à quarta letra do alfabeto grego “Δ” que, na matemática, é utilizada para representar a diferença entre duas variáveis.

O “delta”, correspondia ao valor da vantagem indevida obtida pela trading, que era dividido entre os beneficiários do esquema, o que incluía os operadores e os funcionários da Petrobras corrompidos. Alguns investigados chegavam a se referir a esse esquema de corrupção como “delta business”, ou negócio gerador de “delta”, em tradução livre.

*Com informações da Agência Brasil

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