Petrobras rompeu contratos com escritório de Felipe Santa Cruz sem justificativa

  • Por Jovem Pan
  • 07/08/2019 20h42 - Atualizado em 07/08/2019 20h43
Tânia Rêgo/Agência Brasil Fachada da Petrobras escrito em prata em uma placa O escritório de advocacia do presidente da OAB atuava em causas trabalhistas para a companhia

O escritório de advocacia do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, informou em nota nesta quarta-feira (7) que a Petrobras não deu nenhuma justificativa ao rescindir dois contratos nesta terça. O rompimento foi informado pela companhia oito dias depois que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) iniciou ofensiva contra Santa Cruz.

“O escritório buscará todos os meios legais disponíveis para recebimento dos honorários devidos e expressa, nessa oportunidade, sua preocupação com medidas que podem ferir a impessoalidade na administração pública, princípio fundamental do Estado Democrático de Direito”, afirmou a nota.

O estabelecimento atuava em causas trabalhistas para a Petrobras e recentemente conseguiu uma decisão favorável do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que evitou o pagamento de estimados R$ 5 bilhões em horas extras atrasadas a funcionários embarcados nas plataformas de petróleo da estatal.

Polêmica

Em 29 de julho, o presidente criticou a OAB por sua atuação no inquérito envolvendo Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o então candidato em Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral.

Após reclamar da instituição, Bolsonaro atacou Santa Cruz, cujo pai era militante político e desapareceu em 1974, quando o atual presidente da OAB tinha um ano e dez meses de idade. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”, disse.

Naquele mesmo dia, durante uma transmissão pela internet enquanto cortava o cabelo, Bolsonaro voltou ao tema e acusou a própria organização da qual o pai do presidente da OAB fazia parte de ter matado o militante.

No entanto, a Comissão Nacional da Verdade, grupo criado pelo governo federal, apurou que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira sumiu em 1974 e foi “preso e morto por agentes do Estado brasileiro”. Segundo a comissão, Santa Cruz “permanece desaparecido, sem que os seus restos mortais tenham sido entregues à sua família”. O reconhecimento dessa situação foi oficializado por meio de retificação do atestado de óbito, realizada pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, também vinculada ao governo federal, apenas cinco dias antes de Bolsonaro se referir ao caso.

Felipe Santa Cruz classificou os comentários do presidente como “cruéis” e recorreu ao Supremo Tribunal Federal para pedir esclarecimentos dele, que tem prazo de duas semanas para explicar suas afirmações.

* Com informações do Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.