Ex-STF considera “normal” encontros de advogados com ministros, mas defende exposição pública

  • Por Jovem Pan
  • 18/02/2015 11h33
Carlos Humberto/SCO/STF  com Reprodução/Twitter Joaquim Barbosa

No último fim de semana, o ex-presidente do STF ministro Joaquim Barbosa defendeu a demissão do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. O motivo: as reuniões do integrante do governo Dilma com advogados de empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Mais cedo, ouvimos no Jornal da Manhã uma entrevista sobre o assunto com o ex-ministro do Supremo e ex-presidente da Corte, Carlos Ayres Britto. A opinião do ministro é muito parecida com o que diz nota divulgada pela OAB. Segundo a Ordem, “o advogado possui o direito de ser recebido por autoridades para tratar de assuntos que tangem à defesa de seus clientes”.

Ayres Britto registra, inclusive, que, como ministro do Supremo e do TSE, “tinha o hábito de atender todas as partes”, inclusive políticos e advogados. Britto, entretanto, era parte do poder judiciário, enquanto Cardozo participa da cúpula máxima do poder executivo.

“Até porque quando se trata de advogados, sobretudo, é um direito de todo advogado vocalizar suas pretensões perante autoridades judiciais”, disse Britto, sobre os encontros que tinha com membros dos processos dos quais participou. “E isso nunca me tirou a imparcialidade, objetividade e isenção”.

O ex-STF, no entanto, critica o fato do encontro de Cardozo com advogados de empreiteiras do petrolão ter sido escondido. “Eu vejo por um prisma de normalidade receber advogados, agora, sempre registrando, sempre documentando a visita: quem me visitou, com que propósito. Esse registro e essa publicidade da interlocução me parece necessária”, avaliou.

Britto disse ainda crer na idoneidade do ministro da Justiça, “jurista, professor, escritor e cidadão correto, foi representante do povo, deputado federal”. “Na dúvida eu daria a ele o meu crédito sem nenhuma intenção de acobertar absolutamente nada, de mascarar absolutamente nada, favorecendo determinadas pessoas em desfavor da correta apuração de fatos tidos criminosos”, posicionou-se.

Petrolão

Britto, por sua vez, não deixa de criticar o escândalo de corrupção que tem sido descoberto na Petrobras, com políticos e empreiteiras. “Se comprovados”, disse o ministro, isso estará configurado um “assalto ao erário planejado, quadrilhado, capilarizado e sistêmico e isso nos acabrunha, isso nos desalenta”.

Ele elogia ainda os órgãos que estão à frente da Operação Lava Jato. “Eu nunca vi uma Polícia Federal tão competente tecnicamente e habilitada para averiguar crimes, quanto independente politicamente”, considerou, avaliando ainda o Ministério Público como “a instituição mais republicana de nossas instituições”.

“Tudo sob os marcos de uma democracia que completa 30 anos”. Ouça a entrevista completa no áudio acima.

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