Polícia Federal mira fundos de pensão e cumpre 127 mandados

  • Por Jovem Pan
  • 05/09/2016 07h30

Léo Pinheiro WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Léo Pinheiro

A Polícia Federal está nas ruas na manhã desta segunda-feira (05). São 560 policiais mobilizados na chamada Operação Greenfield. Ela investiga crimes relacionados aos quatro maiores fundos de pensão do País (Funcef, Petros, Previ e Postalis). São os fundos de pensão da Caixa Econômica Federal, Petrobras, Banco do Brasil e Correios, respectivamente.

Estão sendo realizados 127 mandados judiciais – sete de prisão, 106 de busca e apreensão e 34 de condução coercitiva. A Justiça já determinou o bloqueio de R$ 8 bilhões. Foram alvos do sequestro de bens 103 pessoas físicas e jurídicas. O sequestro de bens inclui ao menos 139 automóveis, 90 imóveis e uma aeronave. São alvos também dos mandados da PF as sedes da holding J&F, na Marginal Tietê, e da empresa Eldorado Brasil Celulose. 

As ordens expedidas pela 10ª Vara Federal de Brasília são cumpridas em oito estados mais o DF: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Amazonas, além do Distrito Federal.

Um dos alvos de condução coercitica é o executivo José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, dono da OAS já condenado a mais de 16 anos de prisão na Operação Lava Jato. Apesar da possível conexão, a Operação Greenfield é independente da Lava Jato, informam os investigadores à repórter JP Vera Magalhães.

Pinheiro é alvo de dois mandados nesta segunda. Além da condução coercitiva, o ex-presidente da OAS, que estava em prisão domiciliar, teve prisão preventiva novamente decretada pelo juiz Sergio Moro no âmbito da Lava Jato em Curitiba (PR). A empreiteira OAS teve recentemente delação premiada na Lava Jato suspensa pelo Ministério Público por conta de vazamentos.

Ele depõe em São Paulo e depois se dirige à capital paranaense se apresentar diante de Moro.

Mundo político

Não há políticos envolvidos nessa primeira fase da operação.

A investigação deve se aprofundar sobre a compra de títulos podres, maquiados pelos fundos, informa o repórter JP em Brasília José Maria Trindade. A PF destaca que esse seria apenas o início de uma grande operação.

Deputado Efraim Filho (foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O deputado Efraim Filho (DEM-PB), ex-presidente da CPI dos Fundos de Pensão, avalia que investigações desta nova operação da PF podem avançar sobre o que foi analisado na comissão da Câmara, que terminou em abril.

As investigações

“A ação é ancorada em 10 casos revelados a partir do exame das causas dos déficits bilionários apresentados pelos fundos de pensão. Entre os 10 casos, 8 são relacionados a investimentos realizadas de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações)”, diz a Polícia Federal em nota.

Os fundos de pensão são controlados por pessoas muitas vezes ligadas a partidos políticos e estatais brasileiras.

Participam da mega-operação, além do Ministério Público Federal (os 560 policiais e oito procuradores), a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc, com oito auditores) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, com 12 inspetores e quatro procuradores). 

A Polícia Federal explica que o nome da Operação, Greenfield, “faz alusão a investimentos que envolvem projetos incipientes (iniciantes, em construção), ainda no papel, como se diz no jargão dos negócios. O contrário de investimentos Greenfield é o Brownfield, no qual os recursos são aportados em um empreendimento/empresa já em operação”.

Confira a discriminação de mandados cumpridos por Estado:

Distrito Federal:
Brasília/DF – 20 mandados de busca e apreensão, 6 conduções coercitivas e 5 mandados de prisão temporária;

São Paulo:
São Paulo/SP – 44 mandados de busca e apreensão, 17 conduções coercitivas e 1 prisão temporária;
Campinas/SP – 1 mandado de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;
Santos/SP – 1 mandado de busca e apreensão

Rio de Janeiro:
Rio de Janeiro/RJ – 28 mandados de busca e apreensão, 7 conduções coercitivas e 1 prisão temporária;
Niterói/RJ: 3 mandados de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;

Espírito Santo:
Vila Velha/ES – 1 mandado de busca e apreensão e 1 prisão temporária;

Bahia:
Salvador/BA – 1 mandado de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;
Ilheus/BA – 1 mandado de busca e apreensão;

Paraná:
Curitiba/PR – 1 mandado de busca e apreensão;

Rio Grande do Sul:
Porto Alegre/RS – 2 mandados de busca e apreensão e 1 condução coercitiva;

Santa Catarina:
Florianópolis/SC – 3 mandados de busca e apreensão, 1 condução coercitiva e 1 mandado de prisão temporária;

Amazonas
Manaus/AM- 2 mandados de busca e apreensão

* O número de mandados (de busca e apreensão, condução coercitiva e prisão), em termos absolutos, diverge do numero total de alvos, considerando que vários alvos tiveram medidas cumpridas em mais de um endereço.

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