Presidente da CCJ diz que indicação de Eduardo a embaixador foi ‘o maior erro’ de Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 15/07/2019 21h22 - Atualizado em 15/07/2019 21h39
Jefferson Rudy/Agência Senado Para a senadora, o nome do parlamentar pode ser derrotado na Casa, expondo uma fragilidade do governo em votações

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou nesta segunda-feira (15), que a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington foi “o maior erro” do presidente Jair Bolsonaro até o momento.

Para a senadora, o nome do parlamentar pode ser derrotado na Casa, expondo uma fragilidade do governo em votações. “Talvez tenha sido o maior erro do presidente até agora. Até porque envolve o próprio filho”, disse.

Para Tebet, o presidente deveria ter avaliado qual era “o sentimento do Senado” antes de indicar no nome do filho para o cargo. “Acho que ele corre sérios riscos de mandar (a indicação de Eduardo Bolsonaro para ser o embaixador brasileiro nos Estados Unidos) para o Senado e ser derrotado. A votação é secreta. Não tem precedentes no mundo, em países democráticos”.

Para ser embaixador, o nome de Eduardo Bolsonaro deverá passar por uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores e, em seguida, ser submetido a uma votação secreta. Depois, o nome vai ao plenário do Senado que tem que dizer se aceita a indicação do presidente. Ele precisará do voto favorável da maioria dos 81 senadores – também em votação secreta.

Conforme registros da Comissão de Relações Exteriores, apenas uma indicação presidencial para embaixador foi rejeitada nos últimos dez anos. Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff enviou o nome de Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler Antônio Patriota, para a vaga de embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), mas ele não teve aval da maioria dos senadores.

Emendas em votações importantes

Tebet também afirmou que o uso de emendas para garantir votações importantes no Congresso vai “custar muito caro” ao presidente Jair Bolsonaro. Para a senadora, o governo “errou” em não propor uma alternativa ao presidencialismo de coalizão para construir uma base política para votações no Congresso.

“Acho que esse é o erro do presidente de, deixando de lado o presidencialismo de coalização, não buscar uma alternativa. Essa falta de alternativa vai custar muito caro para o presidente. Agora, é a reforma da Previdência, depois é a reforma Tributária, depois são projetos relevantes que dependem quórum qualificado (ou seja, dois terços dos parlamentares a favor da proposta). Ele vai negociar dessa forma cada projeto que tem que aprovar? O que isso tem de diferente do fisiologismo? Do toma-lá-da-cá da gestão passada?”, afirmou.

A senadora declarou que vê boas intenções no governo Bolsonaro, mas que falta “visão” de gestão ao atual presidente. “Seu eu tivesse que fazer uma crítica a ele é a falta de uma visão maior do país. Ele está muito preocupado com a visão ideológica, com uma pauta de costumes, de falar para o seu eleitorado de alguns pontos específicos de promessas de campanha que ele tem quatro anos para cumprir, não precisa cumprir todos agora”, disse.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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