Presidente do Ibama pede exoneração um dia após contrato ser questionado

  • Por Jovem Pan
  • 07/01/2019 14h41 - Atualizado em 07/01/2019 14h41
Divulgação Suely Araújo estava à frente do Ibama desde junho de 2016

A presidente do Ibama, Suely Araújo, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (7), um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro e o novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, questionarem por meio de uma rede social um contrato de locação de viaturas assinado por ela em dezembro. Suely estava à frente do órgão desde junho de 2016.

No sábado (5), Salles comentou no Twitter que estava lendo as últimas 60 edições do Diário Oficial da União. Um dia depois (6), publicou a foto do contrato entre o instituto ambiental e a Companhia de Locação das Américas, afirmando: “Quase R$ 30 milhões em aluguel de carros, só para o Ibama”. O documento estava na edição de 10 de dezembro.

Bolsonaro, ao compartilhar a informação do ministro, elevou o tom. “Havia todo um sistema formado para principalmente violentar financeiramente o brasileiro sem a menor preocupação.” O presidente ainda afirmou que o governo está “desmontando montanhas de irregularidades e situações anormais que estão sendo e serão comprovadas e expostas”.

Nem Salles, nem Bolsonaro explicaram se haveria algum problema com o contrato. Minutos depois, o chefe do Executivo apagou o post da rede social. As mensagens se seguem a uma sequência de ataques ao Ibama que Bolsonaro vem fazendo desde a campanha, como a alegada existência de uma “indústria de multas” por parte do órgão.

‘Acusação sem fundamento’

Em nota o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) afirmou que tratava-se de uma “acusação sem fundamento” que “evidencia completo desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções” e destacou que a “presidência do Ibama refuta com veemência qualquer insinuação de irregularidade na contratação”.

De acordo com o órgão, o contrato de R$ 28,7 milhões se refere à locação de “393 caminhonetes adaptadas para atividades de fiscalização, combate a incêndios florestais, emergências ambientais, ações de inteligência, vistorias técnicas”. A locação seria válida para todo o País e incluiria “combustível, manutenção e seguro, com substituição a cada 2 anos”.

Algumas horas depois, Salles voltou ao Twitter para dizer que não havia levantado suspeita sobre o contrato. “Apenas destaquei seu valor elevado, conforme meus esclarecimentos na própria postagem. O valor elevado também foi questionado pelo TCU [Tribunal de Contas da União] desde abril e não precisava ser assinado a dez dias da troca de governo.”

Exoneração e substituto

Escolhida pelo então ministro Sarney Filho, nomeado pelo ex-presidente Michel Temer, Suely Araújo não tinha expectativa de continuar à frente do órgão ambiental. Ainda em dezembro, logo após ser escolhido, Ricardo Salles indicou que nomearia para o Ibama o procurador da Advocacia-Geral da União (AGU), Eduardo Fortunato Bim.

Em seu pedido de exoneração, Suely escreveu: “Considerando que a indicação do futuro presidente, Eduardo Bim, já foi amplamente divulgada ainda em 2018, antes mesmo do início do novo governo, entendo pertinente o meu afastamento do cargo permitindo assim que a nova gestão assuma a condução dos processos internos desta autarquia”.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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