Promotor que chamou Gilmar Mendes de ‘maior laxante do Brasil’ é punido por conselho do MP

Em entrevista, promotor do MP de Goiás disse que o ministro do STF “solta todo mundo, principalmente criminosos de colarinho branco”

  • Por Jovem Pan
  • 27/08/2019 15h53
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo ministro gilmar mendes com a cabeça apoiada nas mãos O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes

O promotor de Justiça Fernando da Silva Krebs, do Ministério Público de Goiás, recebeu uma punição do plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por ter chamado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de “maior laxante do Brasil”.

O órgão resolveu puni-lo com a pena de censura, que fica registrada no histórico funcional do promotor, tornando-se prejudicial em eventuais avaliações e procedimentos disciplinares futuros. Em caso de nova censura, por exemplo, ele pode ser suspenso.

A declaração polêmica foi feita em 2018 em entrevista à Rádio Brasil Central, de Goiânia. Na ocasião, Krebs disse que “nós temos o caso Gilmar Mendes, que é considerado o maior laxante do Brasil. Ele solta todo mundo, principalmente os criminosos de colarinho branco”.

O relator do processo administrativo disciplinar (PAD) contra o promotor, o conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, considerou “notório que ele ultrapassou o seu direito” de liberdade de expressão.

“Não resta dúvida quanto à intenção de difamar, nem tampouco quanto à direção da ofensa. Ao afirmar o que afirmou sobre o ministro Gilmar Mendes, o processado ultrapassou em muito seu dever de urbanidade e de respeitar a dignidade pessoal de outrem, utilizando linguagem chula”, disse Bandeira de Mello.

O entendimento do relator foi acompanhado por todos os demais conselheiros, que discordaram somente quanto à gravidade da pena. Quatro votaram por pena mais branda, de advertência. Ao final, por maioria, venceu a imposição de pena de censura, mais grave.

“Houve um excesso”, disse a procuradora-geral da República e presidente do CNMP, Raquel Dodge, que votou pela censura ao promotor. “Em tudo há um limite, e o limite é exatamente o modo como expressamos nossas ideias, devendo ser sempre, da parte de um membro do MP, de um modo respeitoso.”

O advogado Alexandre Iunes Machado, que defendeu Krebs, argumentou que o promotor concedeu a entrevista na condição de cidadão, e não na de promotor, tendo exercido assim somente sua liberdade de expressão plena. Ele negou ainda que Krebs tenha tentado ofender Gilmar Mendes, mas que se referiu ao ministro por alcunha “pela qual é conhecido” humoristicamente e que o promotor “inclusive não concorda com isso”.

*Com Agência Brasil

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