Quem vai assumir? Embaixada brasileira nos EUA vira alvo de disputa

  • Por Jovem Pan
  • 13/04/2019 12h43 - Atualizado em 13/04/2019 13h30
Mateus Bonami/Estadão Conteúdo A equipe de Ernesto Araújo está convicta de que caberá a ele a escolha do novo embaixador, mas há dúvidas, devido ao grande envolvimento de Eduardo Bolsonaro nas questões externas

A remoção do embaixador Sérgio Amaral de Washington deixou tanto a embaixada brasileira nos Estados Unidos quanto a embaixada americana no Brasil acéfalas. Desde o ano passado, quem responde pela embaixada dos EUA em Brasília é o encarregado de Negócios, William Popp. A expectativa era de que o nome do novo embaixador fosse anunciado durante o encontro entre Jair Bolsonaro e Donald Trump, mas isso não aconteceu.

Amaral ainda tem dois meses para providenciar a mudança e fazer a transição, mas o que o mundo diplomático, empresarial e político quer efetivamente saber é quem será seu substituto nesse posto, disputado por dez entre dez diplomatas não apenas brasileiros, mas de todo o mundo.

Há exatamente um mês, num café da manhã com jornalistas, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que trocaria o embaixador do Brasil em Washington – o cargo mais importante do Itamaraty no exterior – e justificou que Amaral não estava defendendo a imagem do Brasil.

Naquela conversa, o presidente afirmou que não poderia tirar o embaixador do cargo imediatamente porque estava às vésperas de embarcar para uma visita oficial aos EUA e que a decisão só seria formalizada na volta. Indicado pelo amigo José Serra, então chanceler do presidente Michel Temer, Amaral soube do afastamento pela imprensa e começou a arrumar malas, gavetas e acomodação para sua filha, que estuda nos EUA. Mas a visita de Bolsonaro acabou, e a demissão não veio.

Depois de o Itamaraty lhe pedir para esperar mais um tempo, Amaral inverteu o jogo: ligou para o Itamaraty em Brasília, alegou que sua mãe estava doente e pediu para ser logo transferido. Ele tem dois meses para efetivar a mudança para a representação do Itamaraty em São Paulo, onde morava antes de ir para Washington.

Cotados

Os nomes que chegaram a ser cotados foram o do cientista político Murillo de Aragão, da Consultoria Arko Advice, que era apadrinhado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, e o do ministro de segunda classe Néstor Forster, preferido do chanceler Ernesto Araújo. Aragão não é diplomata. Portanto, seria surpreendente, ou até inédita, a sua nomeação para um cargo-chave. Já Forster ainda não foi sequer promovido a embaixador e seria igualmente embaraçoso um diplomata júnior assumir justamente a Embaixada em Washington.

A equipe de Ernesto Araújo está convicta de que caberá a ele a escolha do novo embaixador, mas há dúvidas, por causa do grande envolvimento e influência do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas questões externas. Ele é filho do presidente Jair Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e teve destaque em duas viagens aos EUA, inclusive na visita oficial do presidente.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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