CPI do Teatro Municipal investiga notas fiscais de maestro Neschling

  • Por Estadão Conteúdo
  • 08/09/2016 07h57

Maestro é suspeito de integrar um esquema de corrupção que desviou pelo menos R$ 15 milhões da Fundação Theatro Municipal Divulgação/Theatro Municipal de SP Maestro John Neschling - Theatro Municipal

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Teatro Municipal recebeu documentos que mostram que a empresa do maestro John Neschling, a PMM Produções Artísticas e Culturais, pediu que seis notas fiscais emitidas à Prefeitura de São Paulo tivessem a descrição dos serviços alterada após pagamentos de R$ 150 mil cada uma. Para os vereadores, há indícios de fraude.

A escritora Patrícia Melo Neschling, sócia majoritária da empresa e mulher do maestro, nega qualquer irregularidade e diz que seguiu orientações do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC), organização social que cuida da gestão do teatro. 

Para os promotores do Grupo Especial de Combate a Delitos Financeiros (Gedec), é preciso investigar se houve suposta alteração das notas fiscais para inserir dados falsos, o que é crime, ou se ocorreu uma adequação das notas ao contrato do maestro firmado com o IBGC, que seria um procedimento legal.

O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a um e-mail no qual Patrícia pede ao seu contador que entre em contato com o diretor financeiro do IBGC para tratar da questão da “alteração dos descritivos de notas fiscais do maestro”. Patrícia pede que nas notas expedidas à Prefeitura, entre junho e dezembro de 2014, conste “serviços prestados como diretor artístico e regência do projeto Teatro Municipal de São Paulo”. Antes, constava apenas o item “serviços prestados de direção artística”.

Neschling assumiu a direção artística do Teatro Municipal, em 2013, quando José Luiz Herência foi nomeado para direção da Fundação Theatro Municipal e William Nacked foi escolhido para ser diretor do IBGC.

Os três – além do secretário de Comunicação Social da Prefeitura, Nunzio Briguglio Filho – são investigados pelo Gedec por suspeita de fazer parte de um esquema de corrupção que desviou pelo menos R$ 15 milhões até 2015. Herência e Nacked firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público. Briguglio e Neschling negam as acusações.

Em 2014, a Controladoria-Geral do Município (CGM) propôs ao IBGC que o maestro detalhasse os serviços prestados ao teatro para justificar os pagamentos. Segundo a CPI, as alterações pedidas por Patrícia seriam para a PMM se adequar às regras. “Ela será chamada para prestar esclarecimentos à CPI”, disse o presidente da comissão, vereador Quito Formiga (PSDB). 

Em nota, Patrícia Melo Neschling informou que pediu ao seu contador para modificar as notas fiscais seguindo orientações da direção financeira do IBGC e ressaltou que vai tomar providências judiciais pelo vazamento de seus e-mails. A reportagem não localizou ninguém da assessoria do instituto para comentar o caso.

Saída 

O maestro foi afastado da direção artística do Teatro Municipal na segunda-feira, seis meses depois de seu nome aparecer oficialmente como suspeito nas investigações da promotoria. A decisão teve o aval do prefeito Fernando Haddad (PT). O IBGC anunciou o afastamento de Neschling. Em nota, o maestro afirmou que “foi traído por todos aqueles que um dia disseram prezar meu trabalho, a cultura brasileira e o Teatro Municipal”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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