Moraes critica ausência do MPL em reunião pré-ato e pede que grupo “contenha os black blocs”

  • Por Jovem Pan
  • 14/01/2016 14h01

O secretário de Segurança Pública Alexandre de Moraes lamentou a ausência de representantes do Passe Livre: "atitude antidemocrática" Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo O Secretário de Segurança Pública Alexandre de Moraes

Representantes do Movimento Passe Livre (MPL) não compareceram nesta quinta-feira (14) a uma reunião marcada com o Ministério Público de São Paulo e a Secretaria de Segurança Pública, sob a tutela da qual está a Polícia Militar do estado, comandada por Alexandre de Moraes. Estão marcados marcados para a tarde (17h) desta quinta dois atos concomitantes, um em frente ao Theatro Municipal, no centro, e outro a começar no Largo da Batata, na zona oeste da capital.

“Nós esperamos que hoje não haja necessidade de atuação (da polícia) e que os próprios integrantes do movimento contenham os black blocs”, afirmou Moraes em entrevista exclusiva ao repórter Jovem Pan Tiago Muniz. Os trajetos das passeatas foram divulgadas nesta tarde. Veja AQUI.

O secretário citou a possibilidade de quem praticar quebradeira ser indiciado por “organização criminosa” (veja mais abaixo).

Ele reconhece, no entanto, que “a maioria dos manifestantes vai às ruas para se manifestar realmente sobre uma determinada posição e acaba sendo prejudicada por essa minoria que vai para badernar, vandalizar e cometer crimes”, avalia. Moraes disse há dois dias, porém, que a liderança do MPL “acoberta” black blocs, grupo anarquista que prega a tática do confronto.

“Diálogo”

A ausência dos manifestantes na reunião oficial foi duramente criticada pelo secretário, que garante ter convidado o grupo que luta contra o aumento da tarifa do transporte público (de R$ 3,50 para R$ 3,80) para pelo menos duas reuniões – às 18h de quarta e às 9h desta quinta. O encontro foi programado pelo procurador de Justiça Márcio Elias Rosa. Defendendo a posição do “diálogo e da mediação”, o Ministério Público agendou para segunda-feira uma nova tentativa de reunião entre representantes do Passe Livre com o estado e a prefeitura.

“É preciso saber quais são os termos em que estes movimentos entendem que seja justo o exercício desse direito (de livre manifestação), porque a posição do município e do Estado nós já conhecemos”, disse Elias Rosa, após explicar que “a Constituição exige que haja a comunicação para as autoridades, mas (…) não indica quais são essas autoridades e o modo como essa comunicação é feita”.

Moraes criticou: “Numa atitude antidemocrática o MPL se negou ao diálogo, não compareceu”. O secretário afirmou ainda que há “informações – vamos averiguar – de que estariam mudando os locais e horários das manifestação”. Até as 13h, porém, não houve mudança alguma explicitada na página do MPL do facebook ou no evento online organizado pelo grupo. Moraes disse que defende “que todos dialoguem para que os impactos de uma manifestação sejam os menores possíveis aos demais habitantes, que não estão se manifestando”.

“É um verdadeiro desrespeito o que esse movimento vem fazendo com a cidade de São Paulo”, disse ainda o secretário. Moraes citou diversos outros grupos que se reúnem na capital paulista sem maiores problemas, como grupos pró e contra o impeachment, o MTST e a CUT. “Só o Movimento Passe Livre insiste em demonstrar esse verdadeiro desrespeito ao município”, diz.

O secretário já disse nos últimos dias que a Polícia Militar definiria os trajetos das passeatas caso os manifestantes não informassem previamente as autoridades (o que foi feito por meio do Facebook às 15h), como prevê o inciso 16 do artigo 5º da Constituição, que também prevê a liberdade de manifestação. “Vivemos em um estado democrático direito, e não em uma anarquia”, afirmou.

Moraes garantiu ainda que os trajetos estabelecidos pela PM “não são fixados arbitrariamente pela Secretaria de Segurança”. “Nós utilizamos sempre um traçado que já foi utilizado em outras manifestações”, garante o responsável pela Segurança.

O secretário citou o ato da última terça (12), em que 13 pessoas foram detidas e várias ficaram feridas com a dispersão realizada com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral na Praça do Ciclista, final da Avenida Paulista. Ele disse que o roteiro previsto era que os manifestantes descessem pela Rua da Consolação e Avenida São Luís, mas alguns teriam passado a “investir contra o cordão da polícia” e tentaram seguir no sentido contrário, rumo à Av. Rebouças, que não estaria preparada para receber o protesto.

Por isso, a polícia teria usado as bombas (uma a cada sete segundos) para dispersar a manifestação contra a tarifa.

Inquéritos

Moraes informou ainda que dois manifestantes presos na terça continuam detidos pois foram flagrados com artefatos explosivos (“um tinha mais de 20 pregos de 10 cm e, se explodido, atingiria um raio de 200 metros”, disse Moraes)

O secretário afirma que há “mais de 50 inquéritos” apurando ações violentas e de vandalismo nos protestos. Por vídeos feitos pela polícia e monitoramento em diversos atos, a SSP já estaria pronta para enquadrar alguns manifestantes no ato delitivo de “organização criminosa” (que prevê três a oito anos de prisão), e não apenas por dano ao patrimônio (seis meses a três anos de detenção) e porte de armas (um a três anos) – que preveem punições mais leves.

“Há várias pessoas, que, por cruzamento de imagens, em várias manifestações aparecem depredando em uma, com corrente em outra, praticando atos de vandalismo”, garante.

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