Secretário: protestos mostram que aluno ama escola, mas há pautas contaminadas

  • Por Jovem Pan
  • 12/11/2015 10h09

Estudantes ocupam pelo terceiro dia a Escola Estadual Fernão Dias Paes Aloisio Mauricio /Fotoarena/Folhapress Estudantes ocupam pelo terceiro dia a Escola Estadual Fernão Dias Paes no bairro de Pinheiros contra a reforma na educação e fechamento das

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan na manhã desta quinta-feira (12), o secretário da Educação de São Paulo Herman Voorwald comentou as manifestações de alunos contrários à “reorganização” da rede estadual de ensino prevista para 2016.

O UOL informou que por volta das 5h a terceira escola foi ocupada por estudantes contrários à medida. Após a Escola Estadual (EE) Fernão Dias, em Pinheiros, e a EE de Diadema, no ABC, terem sido fechadas por estudantes, a EE Salvador Allende Gossens, em em José Bonifácio (zona leste) aderiu ao movimento. Alunos têm feito também nas últimas semanas diversos protestos por ruas da capital e interior.

“Eu gosto demais quando os alunos se movimentam, quando a movimentação é deles”, disse o secretário. Para ele, “é um movimento que mostra que o menino ama a escola”, contrariando o senso comum que diria o contrário. “Quando as manifestações são puras de alguém que quer uma boa escola e uma boa educação, eu estou do lado deles”, garante Voorwald.

O secretário ressalta, porém, que em sua visão o ato está sendo “contaminado por pautas políticas”. “Quando o movimento do aluno é em defesa de sua escola, ele me tem como parceiro. Quando o movimento é contamiado por outras questões que não são educacionais, mas pessoas querendo tirar vantagens pessoais, eu não posso concordar”, afirmou.

O mérito

Os alunos que protestam criticam o fechamento de 94 escolas que será realizado após o deslocamento de matriculados para unidades de ciclo único. Eles temem também que professores sejam demitidos, salas fiquem superlotadas e os colégios fiquem muito longe de casa, dificultando o acesso e aumentando a evasão. Voorwald rebate as críticas e diz que a medida é uma resposta aos pedidos de melhoria que a sociedade exige dos governantes para a educação. “O que nós estamos fazendo é nos movimentando, nós estamos tentando fazer uma escola melhor”, garante.

O secretário argumenta que as escolas afetadas pela “reorganização” (que Voorwald recusa chamar de “reestruturação”) “não chegam a 20% da rede e o número de alunos (afetados) não chega a 10%”. Ele entende que a “diminuição significatva das matrículas nos últimos anos” justifica a medida, que estaria sendo preparada há muitos anos. A inscrição de estudantes para o ano letivo de 2016 na rede estadual vai até esta sexta (13).

“As escolas antigas estão com o tempo tendo menos alunos”, argumenta ainda Voorwald. Ele disse que “90% delas foram construídas no século passado” e que novos colégios estão sendo construídos mais próximos aos bairros novos e que mais crescem. O secretário afirma que esse foi um dos critérios adotados no remanejamento de alunos que criará escolas especializadas em cada segmento: do primeiro a quinto ano e do ensino médio, por exemplo.

Voorwald afirmou ainda que quando as escolas são integradas, e abrigam alunos de diversas faixas etárias, “a gestão é muito difícil, gestão muito complexa”. A medida do governo Alckmin seria, portanto, para facilitar a administração das escolas e melhorar a qualidade da infraestrutura, que seria mais apropriada à idade, além do desempenho acadêmico. “Alunos de escolas segmentadas têm um rendimento muito bom”, disse o secretário estadual.

Ouça a entrevista completa no áudio do começo do texto.

Foto do texto: Letícia Moreira/Folhapress

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