Serra diz que perda bilionária da Petrobras é maior escândalo da história do país

  • Por Jovem Pan
  • 11/04/2014 10h11

O ex-governador de São Paulo José Serra disse nesta sexta-feira (11), à JOVEM PAN, que o governo Dilma quer confundir ao desarticular o requerimento de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) exclusiva do escândalo da Petrobras, que fez a semi-estatal perder cerca de R$ 1 bilhão na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

“Eles vão procurar diferentes maneiras para impedir que seja feita a investigação da Petrobras. Uma maneira para confundir é colocar outras coisas na CPI da Petrobras”, afirmou ao Jornal da Manhã. Para Serra, a ampliação da investigação, é uma manobra da base governista afim de tirar o foco do que chamou de “maior escândalo da história do Brasil”, por conta do volume financeiro envolvido.

O ex-governador de São Paulo captou atenção ainda para o oportunismo da situação. “Se fosse urgente, por que não pediram antes? Se tinha irregularidade, você detecta rapidamente para não ser conivente”, pontuou sobre a intenção governista de também se investigar supostas falcatruas no porto de Suape, em Pernambuco, e o cartel do metrô de São Paulo.

Para o tucano, a vantagem do governo em número de parlamentares é determinante no processo. Tanto na Câmara de Deputados quanto no Senado Federal, a base aliada é maioria, o que dá um poder de manipulação maior sobre os caminhos para uma investigação nos negócios deficitários da petroleira nacional.

“Se não ficarem na CPI da Petrobras, eles vão criar outra e vamos ter nos noticiários várias CPIs e vai confundir. O governo vai conseguir que não se investigue nada”, concluiu sobre como a investigação parlamentar da Petrobras deve ser desconstruída.

Questionado sobre a realização da Copa do Mundo de futebol no Brasil, Serra não hesitou em apontar falhas que fazem desse o Mundial mais caro da história e, tecnicamente, o mais desorganizado também. O tucano começou sua análise ao apontar o estádio do Morumbi, em São Paulo, como de sua preferência em relação à Arena Corinthians.

“Eu queria que fosse no Morumbi. A história do estádio do Corinthians foi outra… Eu queria era brigar com a Fifa pelo excesso de exigências”, explicou. O antigo governador paulista criticou também o fato de se ter feito planos mirabolantes; enfatizou que no final vem a frustração pelo resultado não alcançado.

“Estádios demais no Brasil, em regiões que não têm time. Poderiam ter feito uma coisa mais modesta e não irritaria a população. Ainda mais se não faz direito”, ressaltou.

Serra foi perguntado sobre a atual situação da economia brasileira, que tem apresentado resultados modestos. Para ele, o pior ainda está por vir e o governo está “guardando tudo para o ano que vem para facilitar a eleição”.

“O dólar não vai acelerar neste ano porque a diferença de juros do Brasil com o exterior é muito grande. Então entra dólar para faturar com o juro alto… Eles vão segurar o juro para controlar a inflação”, disse.

Ele completou dizendo que “é uma tragédia o que acontece com a indústria brasileira”, cada vez menos competitiva globalmente. “Para o ano que vem o governo só está deixando dor de cabeça”, reforçou o antigo prefeito da capital paulista.

E, por falar em cidade de São Paulo, Serra analisou o caos causado pelos corredores de ônibus implantados na gestão de Fernando Haddad, do PT. Para o ex-mandatário, a restrição de taxistas nas faixas exclusivas, por exemplo, atrapalha ainda mais o trânsito.

“É uma coisa feita para marketing, São Paulo tem que ter mais metrô, transporte sobre trilho. Eu me lembro que quando fui governador coloquei a prefeitura para dar mais dinheiro para o metrô”, afirmou sobre a solução para o problema de mobilidade urbana enfrentado pela cidade.

Ao analisar as precariedades enfrentadas pelos brasileiros, Serra criticou a maneira como o país é administrado. “O problema do Brasil é que, com esse sistema de governo, com esse partido no poder, as questões são enfrentadas na publicidade, vai se empurrando com a barriga e as coisas se deteriorando”.

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