Toffoli pode decidir hoje sobre liberdade de João de Deus, a quem visitou em Abadiânia

  • Por Jovem Pan
  • 21/12/2018 15h55
Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo Ministro é responsável pelo julgamento de habeas corpus que beneficia médium

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, pode decidir nesta sexta-feira (21) se João de Deus será ou não posto em liberdade. Cabe a ele julgar o terceiro habeas corpus apresentado por advogados do médium, a quem visitou. Para avaliar o caso, o ministro chegou a pedir informações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na agenda de Toffoli, divulgada pelo STF, consta apenas um compromisso marcado para esta sexta: despachos internos, iniciados às 8 horas. O líder espiritual, acusado de abuso sexual por mais de 500 mulheres, está detido desde domingo (16). Após as primeiras denúncias, João movimentou R$ 35 milhões, o que acelerou o pedido de prisão.

O presidente da Suprema Corte do Brasil não é desconhecido de João de Deus. No dia 30 de março, sexta-feira santa, ele visitou a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), acompanhado pelo colega Luís Roberto Barroso. Nesse local, onde o médium atua, Toffoli só aguentou 10 minutos em uma “corrente de energia”. Barroso, 4 horas.

Terceiro habeas corpus

O habeas corpus que está sendo apreciado por Dias Toffoli é o terceiro impetrado pela equipe de advogados capitaneada por Alberto Toron. Na quarta (19), o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro negou a solicitação do advogado. Um dia antes, na terça (18), o Tribunal de Justiça de Goiás já havia indeferido outro pedido.

O terceiro pedido, apesentado na quinta, foi sorteado para o ministro Gilmar Mendes, que seria o relator. Como o judiciário está em recesso desde as 15 horas de quarta, a ação foi remetida ao gabinete de Toffoli – que, como presidente, responde pelo plantão da Corte no período. O Supremo é a última instância judicial, mas pode caber recurso à futura decisão.

Indiciamento

Polícia Civil indiciou João de Deus na quinta-feira (20) por violação sexual mediante fraude. O crime teria sido cometido contra uma mulher de cerca de 40 anos em 24 de outubro deste ano, durante atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). O inquérito será remetido ao Ministério Público (MP).

Armas de fogo

Na terça, no quarto de um dos endereços de João em Abadiânia, a polícia encontrou cinco armas durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão. Foram apreendidos e encaminhados à perícia dois revólveres de calibre 32, um de calibre 38, uma pistola de calibre 380 e uma garrucha de calibre 22 que tinha a identificação suprimida.

Diversas munições, algumas estrangeiras, estavam com o médium – entre elas, uma de calibre 357, de uso exclusivo das Forças Armadas. Com base nesse material, a Polícia Civil de Goiás decidiu abrir um novo inquérito contra ele, para apurar a posse das armas. De acordo com policiais, o armamento não está registrado na Polícia Federal nem no Exército.

Mala de dinheiro

Na mesma busca em que acharam as armas, os policiais localizaram uma mala com R$ 405 mil em espécie. O valor estava distribuído em diferentes tipos de moeda – como euros, pesos argentinos, francos suíços e dólares americanos e canadenses. A maior parte do dinheiro era composta por notas de real. A origem dos valores é desconhecida até o momento.

Na apreensão, agentes consideraram “estranha” a quantidade, considerada “anormal” por estar armazenada dentro de uma residência comum. Por causa desse alto valor, é provável ainda que o médium seja investigado também pelo Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro da polícia goiana, no que seria um terceiro inquérito.

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