Vídeo mostra momento da queda do helicóptero com Boechat a bordo

  • 12/02/2019 14h30 - Atualizado em 12/02/2019 14h44
Marcelo Gonçalves/Estadão Conteúdo Destroços da aeronave que levava Ricardo Boechat e caiu na rodovia Anhanguera

Câmeras de segurança da concessionária CCR mostram o momento exato em que o helicóptero BELL 206 passa entre viadutos do Rodoanel Mário Covas, segundos antes de se chocar com um caminhão que seguia pela Rodovia Anhanguera, em São Paulo. O jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram no acidente na tarde desta segunda-feira (11).

Veja as imagens, encaminhadas para a Polícia Civil, abaixo:

O motorista do caminhão que colidiu com o helicóptero disse que não viu a aeronave no momento da queda e apenas entendeu o ocorrido após ser retirado da cabine. Caminhoneiro há 31 anos, João Adroaldo contou que foi surpreendido e apenas se lembra de sair da praça de pedágio e a pista estar liberada.

As investigações sobre o que causou o acidente estão conduzidas pelo Quarto Serviço Regional de Investigação de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), subordinado ao Comando da Força Aérea Brasileira (FAB). Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou 206 acidentes com helicópteros, dos quais 26% foram graves e 25% tiveram mortes.

Despedida

Familiares, amigos, figuras políticas e admiradores prestaram última homenagem a Ricardo Boechat em velório no Museu da Imgem e do Som (MIS), em São Paulo.

Com quase 50 anos de carreira jornalística e uma coleção de prêmios no currículo, Boechat era atualmente apresentador do Jornal da Band e âncora da BandNews FM. “Era um grande jornalista e um amigo de infância. Era divertido, um humorista”, comentou apresentador de Os Pingos Nos Is, da Jovem Pan, Augusto Nunes. Os dois foram contemporâneos no jornal O Estado de S. Paulo e conviveram diretamente. “Sempre foi muito generoso, ajudou tanta gente”, disse.

Presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, João Carlos Saad também compareceu ao velório. “Tinha uma graça e um jeito de fazer jornalismo que não vai ter outro”, disse sobre Boechat. Ao ser perguntado sobre as lições que o jornalista deixou, acrescentou: “Ensinou a ser duro sem perder a ironia e o humor. Quando apurar, vamos encontrar um fio condutor dessa tragédia (e as outras recentes)”.

Veruska, mulher de Ricardo Boechat, falou com a imprensa brevemente: “Nunca vi alguém tão preocupado em ajudar o outro que nem ele. Eu falava ‘cheio de cristão que não ajuda as pessoas’. Todo mundo que é próximo pode confirmar isso, no trabalho às vezes vinha em forma de raiva e briga, mas era um coração… preocupado em ajudar as pessoas. Uma pessoa sem luxo, sem nada. Tudo de bom que ele conquistou na vida era pra mim, para as filhas, para os filhos, tenho muito orgulho dele”, disse a “doce Veruska”, como era chamada carinhosamente pelo marido.

Trajetória

O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre contou que soube da morte durante a reunião de pauta da emissora. Àquela altura, já se sabia sobre a queda do helicóptero no Rodoanel, mas a identidade das vítimas era desconhecida. Ele demorou a acreditar “Conversava com ele todos os dias durante 12 anos. Era uma pessoa espetacular”, afirmou. “Perdemos o Boechat. Ontem estava conosco. Hoje não está mais.”

Por lá, também passaram o empresário Abílio Diniz e o apresentador Otávio Mesquita. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “O jornalismo perde uma referência. (Ele) conduziu sem trabalho com grandeza”, comentou. “Jogamos bola juntos várias vezes. Era uma figura fraterna, adorável. E tinha um sentimento de justiça muito grande”. O prefeito Bruno Covas também esteve presente.

Colega de emissora, o apresentador do programa MasterChef Érik Jacquin tinha os olhos cheios de lágrimas ao lembrar do jornalista. “Todo dia ele estava lá, de manhã, à noite. Dancei com ele o carnaval de Salvador. Tenho a impressão de que todo mundo o amava.”

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