Chanceleres de EUA, México e Canadá concordam em não reformar o NAFTA

  • Por Agencia EFE
  • 18/01/2014 02h06

Washington, 17 jan (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, o chanceler mexicano, José Antonio Meade, e o ministro das Relações Exteriores canadense, John Baird, concordaram nesta sexta-feira que não há necessidade de reformar o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA).

Durante uma reunião trilateral no Departamento de Estado, Baird, Kerry e Meade prepararam a agenda para a Cúpula de Líderes da América do Norte, que será realizada no próximo dia 19 de fevereiro em Toluca, no México.

Essa cúpula, consideraram, servirá para marcar o 20º aniversário do NAFTA e também para buscar formas de fortalecer a relação entre os três países para promover um crescimento econômico que seja “ao mesmo tempo partilhado e inclusivo”, nas palavras de Meade.

Apesar de terem apostado na promoção e na diversificação das relações, os responsáveis das Relações Exteriores descartaram a possibilidade de reabrir as negociações sobre o tratado para levar em conta mudanças como a recente reforma energética aprovada no México.

“Não achamos que seja necessário reabrir o NAFTA em si para conseguir o que queremos”, disse Kerry.

No mesmo sentido, Meade assegurou que os três países concordam que “não é necessário reabrir o NAFTA”, mas sim “continuar avançando para construir e revitalizar a ideia de uma América do Norte dinâmica”.

Esse avanço pode se basear em dois grandes tratados comerciais em negociação, segundo os ministros: o Acordo de Associação Transpacífico (TPP, sigla em inglês) e o Tratado de Livre-Comércio e Investimentos entre Estados Unidos e União Europeia (UE).

Para Kerry, a integração dos três países no TPP será “um componente crítico para avançar rumo a uma nova fase pós-NAFTA”, enquanto Meade indicou que o México “tem interesse” que as negociações entre Estados Unidos e UE “sejam benéficas para a região da América do Norte”.

“Trabalharemos para garantir que essas negociações aumentem a competitividade da América do Norte, visando uma perspectiva mais integrada da América do Norte com a UE ao invés de algo simplesmente bilateral”, afirmou Meade.

Os três ministros falaram também sobre energia, integração de indústrias, como a de automoção e aeronáutica, e segurança pública.

Em uma reunião bilateral posterior, Kerry e Meade “renovaram seu compromisso de compartilhar a responsabilidade por sua cooperação bilateral sob a Iniciativa Mérida”, o tratado internacional de segurança estabelecido por EUA, México e os países de América Central para o combate ao narcotráfico e o crime organizado.

Segundo a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, “os países vão trabalhar juntos para construir uma fronteira que promova o comércio e proteja a segurança pública”.

Meade aproveitou a reunião para tratar do caso do réu mexicano Édgar Tamayo, sentenciado à pena de morte no Texas e cuja execução está prevista para a próxima quarta-feira, apesar de seu julgamento ter violado o direito à notificação consular incluído na convenção de Viena.

Tamayo seria o terceiro mexicano a ser executado após o caso Avena em 2004, no qual a Corte Internacional de Justiça ordenou os EUA a revisarem os casos dos condenados à morte cujo direito à notificação consular foi violado.

Meade disse a Kerry que seu governo reconhece “as ações do governo dos EUA para buscar o cumprimento da decisão Avena”, mas ao mesmo tempo “expressou profunda preocupação pela decisão do estado do Texas de manter a data de execução do mexicano Edgar Tamayo”, informou a embaixada mexicana em comunicado.

Uma funcionária do alto escalão do Departamento de Estado, que pediu o anonimato, afirmou na quarta-feira que o governo seguirá tentando assegurar que a decisão da CIJ seja implementada, “mas essas decisões estão em último caso nas mãos do estado”, onde o governador, Rick Perry, mantém, por enquanto, a data da execução.

Antes da reunião, Kerry mostrou sua inquietação pela situação no estado mexicano de Michoacán, onde os confrontos entre as milícias de autodefesa e os cartéis do narcotráfico geraram recentemente uma onda de violência que provocou a intervenção do Governo Federal para recuperar o controle de vários municípios.

“Estamos preocupados, e trabalharemos com o governo do México e estamos preparados para tentar ajudar no que for possível”, garantiu o secretário de Estado americano. EFE

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