Novo modelo do Fies limitará acesso a vagas; especialistas elogiam contrapartida

  • Por Jovem Pan
  • 13/03/2015 10h34

Fila na FMU de alunos que tentam renovar ou aprovar o FIES pode demorar mais de cinco horas apenas para obter senha para o dia seguinte

Victor LaRegina / Jovem Pan Fila na FMU de alunos que tentam renovar ou aprovar o FIES pode demorar mais de cinco horas apenas para obter senha

Novo sistema unificado on-line vai limitar vagas no Fies, e especialistas apontam maior contrapartida das faculdades e controle do dinheiro público.

O governo decidiu mudar a concessão de recursos do programa, com quase 2 milhões de alunos, devido à explosão de gastos nos últimos anos.

Quem adere ao Fies tem a mensalidade bancada pela União em instituição privada e, após a formatura, o valor é restituído ao governo.

Sem anúncio oficial, foram impostos obstáculos que dificultam as inscrições e provocam filas nas faculdades à espera de cadastro.

Até 2014, não havia limite e quase todos que pleiteavam a vaga, em cursos com nota 3 ou superior em avaliação federal até 5, obtinham a concessão.

Falando ao repórter Daniel Lian, o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP, vê o lado bom da crise:

“É preciso exigir das universidades algum tipo de contrapartida”, avalia Ocimar, senão, segundo ele, universidades poderiam fazer algum tipo de “manobra” em que as instituições fariam com que todos seus alunos dependessem do programa para ter o recebimento da mensalidade garantido.

De acordo com o Ministério da Educação, o sistema unificado do Fies será nos moldes do SISU e a quantidade de vagas irá considerar a verba disponível.

Para o diretor da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior, Solon Caldas, este formato deveria existir desde o início.

“Se já tivesse sido pensado o Fies neste formato desde o início, tinha sido evitada essa crise que estamos vivendo em relação ao programa, porque o governo liberaria a quantidade de vagas de acordo com o orçamento disponível para o Fies e as escolas se programavam dentro dessa disponibilidade também”, avaliou. Ele considera positiva a medida “desde que seja feita com a antecedência que permita um planejamento sobretudo dos alunos”.

Nesta semana, o Ministério da Educação reconheceu pela primeira vez que as mudanças se devem a restrições orçamentárias.

A alegação anterior era de garantir a qualidade do ensino no País.

Daniel Lian, Claudia Gouvêa e D.Castro

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