Especialista recomenda sacar dinheiro do FGTS; saiba como utilizar

As prioridades devem ser dívidas com juros mais altos, cheque especial e cartões de crédito. Outra opção é investir o dinheiro em outros fundos que rendem mais que o FGTS

  • Por Carolina Fortes
  • 24/07/2019 17h53 - Atualizado em 24/07/2019 19h24
Tânia Rêgo/Agência Brasil Só em ultima instância é que deve-se pensar em usar o dinheiro para consumir

Foram definidas, nesta quarta-feira (24), as novas regras para o Fundo de Garantia do Trabalhador Social (FGTS). Entre as novidades, estão a possibilidade de sacar até R$ 500 de cada conta ativa ou inativa a partir de setembro e a criação de um saque anual em 2020, chamado de Saque Aniversário.

Na nova modalidade, quem tiver até R$ 500,00 na conta poderá sacar 50% do valor. Já quem tiver mais de R$ 20.000,01 só poderá retirar 5%. O cronograma de saques ainda será divulgado pela Caixa Econômica Federal.

Para o coordenador do MBA de gestão financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, a recomendação é que a pessoa saque o dinheiro e aproveite para sair das dívidas ou para investi-lo em algo mais rentável. As prioridades devem ser, assim, dívidas com juros mais altos, cheque especial e cartões de crédito.

“No caso das dívidas, lembre-se que é para negociar, não é para chegar pagando. Negocie, não importa se está na Justiça, diga que tem o dinheiro na mão, quer pagar e como pode ser feito”, alerta.

Depois, de acordo com ele, a pessoa pode checar se existe algum tipo de parcela que terá que pagar ao longo do ano e que dá para antecipar negociando um valor mais baixo. Só após ter certeza de que não tem (ou que estão quitadas) é recomendável procurar um investimento para colocar o dinheiro. Se já tiver algum, Teixeira aconselha complementá-lo. Se não tiver, recomenda fazer uma aplicação com uma rentabilidade maior do que o FGTS, como a poupança ou o Tesouro Direto, e de mais longo prazo.

Para ele, só em ultima instância é que deve-se pensar em consumir. “Claro que a decisão é pessoal, mas o trabalhador deve levar em consideração que o que estará consumindo é parte da poupança para um momento de necessidade.”

Coordenador da FGV elenca lista de prioridades

    1. Conferir se tem dívidas com taxas de juros elevadas e começar a quitá-las. Depois, pagar as com juros mais baixos, se tiver;
    2. Checar se existe algum tipo de parcela que terá que pagar ao longo do ano e que dá para antecipar negociando um valor mais baixo;
    3. Se já tiver algum investimento, complementá-lo;
    4. Se não tiver nenhum investimento, fazer uma aplicação com uma rentabilidade maior do que o FGTS (como a poupança ou o Tesouro Direto) e de mais longo prazo.

Investir dinheiro do FGTS rende mais do que deixar parado 

O coordenador da FGV explica ainda que o FGTS não foi criado como uma aplicação financeira, mas sim como um seguro que pode ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças graves.

Por isso, a rentabilidade dele é muito baixa: de 3% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR), que é definida pelo governo e atualmente está zerada. Por essa razão, até mesmo a caderneta de poupança, que hoje rende 70% da taxa básica de juros (Selic) + TR, tem desempenho melhor.

Para quem quer investir e não tem muito dinheiro, Teixeira recomenda, dessa forma, a poupança, caso não tenha familiaridade com investimentos. “A poupança terá uma rentabilidade próxima de outros fundos sem quebrar a cabeça.”

No entanto, se quiser arriscar mais, aconselha procurar ajuda de um especialista, como o gerente do banco ou alguma corretora de investimentos. Alguns fundos seguem a linha do FGTS, onde a pessoa não pode mexer por um certo período de tempo. “Se você quer algo mais a longo prazo e descomplicado seria o Tesouro Direto”, afirma.

Ele alerta, entretanto, para tomar cuidado com investimentos muito arriscados, como Bolsa de Valores. “Este não é um dinheiro que você vai querer usar para colocar em uma gangorra onde não sabe se vai dar certo.” Em razão disso, reitera que as pessoas avaliem e pesquisem bastante onde desejam colocar o seu dinheiro.

Cuidado na hora de usar o dinheiro do FGTS para consumir

O governo liberou os saques para dar impulso à economia. A expectativa é injetar R$ 30 bilhões só neste ano com as novas medidas do FGTS. De acordo com Teixeira, “a intenção deles é que esse dinheiro vá para o consumo”.

“Tem que ter cuidado. Se sacar, o dinheiro vai ficar livre para a pessoa gastar como quiser e ele foi pensado exatamente para que o trabalhador possa ter um auxílio no momento que mais precisa. Se ele sacar existe uma possibilidade que fique tentado a gastar.”

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