Oferta de vagas de fim de ano volta a crescer

  • Por Estadão Conteúdo
  • 25/09/2017 09h11
Marcos Santos/USP Imagens Do lado dos candidatos, a procura por uma vaga temporária ganhou força neste fim de ano porque o desemprego ainda está em níveis elevados

Após duas quedas seguidas, a contratação de trabalhadores temporários de fim de ano deve voltar a crescer em 2017, puxada pela melhora da economia e pela mudança na legislação dos temporários, em vigor desde março, que deu mais segurança jurídica para as empresas admitirem.

De setembro a dezembro, a perspectiva é que sejam contratados 374,8 mil temporários na indústria, comércio e serviços – um número 5,5% maior do que no mesmo período de 2016, aponta o estudo da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), que reúne 200 agências de emprego.

Do lado dos candidatos, a procura por uma vaga temporária ganhou força neste fim de ano porque o desemprego ainda está em níveis elevados. Levantamento feito em agosto com 2 mil currículos cadastrados no portal de carreiras Vagas.com.br revela que 77% dos candidatos pretendem realizar trabalho temporário neste fim de ano. “Foi o maior resultado desde que a pesquisa começou, em 2013”, diz o coordenador do levantamento, Rafael Urbano.

Um dado do levantamento que chama a atenção é que, entre aqueles dispostos a realizar trabalho temporário de fim de ano, 65% pretendem procurar um emprego do mesmo tipo no restante do ano também.

Apesar da reação na oferta de vagas temporárias, o volume do emprego sazonal neste ano é bem menor do que o registrado três anos atrás, observa Márcia Constantini, presidente da Asserttem. Em 2014, foram abertas 490 mil vagas nesse período. “Houve anos em que se chegou a contratar 180 mil trabalhadores só em dezembro”, lembra. Para 2017, a expectativa é de 115 mil admissões no mês, segundo a Asserttem, que projetou as admissões com base na reação observada no emprego temporário no ano até agora.

“Até 2016, as empresas estavam receosas e seguraram as contratações de temporários por causa da crise”, diz Fernando Medina, diretor da agência Luandre. Ele conta que neste ano o quadro mudou. Na sua agência, ele notou a antecipação das admissões de temporários, de agosto para fim de junho, e o aumento de 18% nas vagas ante 2016. Desde junho, a agência admitiu 1,2 mil temporários. A maioria para o varejo, sobretudo o de vestuário.

A Besni, por exemplo, varejista de vestuário, com 36 lojas no Estado de São Paulo, vai admitir entre 800 e mil temporários neste fim de ano, um número 10% maior do que em 2016, segundo o gerente de Recursos Humanos, Arnaldo de Paula. O aumento das admissões reflete a melhora na venda.

A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) calcula que 25 mil temporários serão admitidos neste ano – entre outubro e novembro -, com crescimento de 30% ante 2016. “Será o maior número desde 2014, quando foram admitidos 30 mil”, diz Jair Vasconcellos, economista da Fecomércio-SP.

A projeção da Fecomércio considera o aumento de 5% no receita real do varejo no Estado para este ano e o fato de o quadro de empregados estar muito enxuto. De janeiro de 2015 a junho de 2017, foram fechadas 140 mil vagas no Estado.

Lei

Para o advogado José Carlos Wahle, da Veirano Advogados, a nova lei de trabalho temporário acelerou a contratação neste ano. “Mas não foi o fator determinante.” Antes, sob o risco de multa, as empresas não podiam admitir temporários para eventos previsíveis, como a alta sazonal do consumo. “A nova lei permite. Além disso, o prazo de admissão foi ampliado de 90 para 180 dias.” Wahle frisa que a lei não gera emprego, mas dá flexibilidade em períodos como o atual que, com a demanda incerta, a empresa não quer ampliar o quadro de efetivos.

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