Sem pagar juros, Odebrecht negocia US$ 3 bilhões em bônus

  • Por Jovem Pan
  • 26/11/2018 15h09 - Atualizado em 26/11/2018 15h10
EFE odebrecht Bônus da construtora devem chegar a mais de R$ 11,5 bilhões

Cerca de US$ 11,5 milhões em juros não serão pagos pela Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), segundo anunciou a empresa a seus credores. O valor devia ter sido repassado em 25 de outubro, mas vinha sendo adiado pela carência de 30 dias previstas em contrato.

Os credores detêm US$ 581 milhões (mais de R$ 2 milhões) em bônus emitidos no exterior, com vencimento para 2025. Em comunicado, a construtora revelou ter contratado assessoria financeira e jurídica para iniciar discussões para sanar dívidas.

Essa medida faz parte da reestruturação da política da empresa, cujos credores externos desconfiavam desde o início das investigações da Operação Lava Jato, há cerca de três anos. O ex-presidente do grupo da família Odebrecht, Marcelo, foi condenado por mais de 60 crimes.

Negociação

As “conversas” envolve papéis da empresa que, juntos, somam cerca de US$ 3 bilhões – mais de R$ 11,5 bilhões. Entre os credores estariam BlackRock, o Fidelity, o Gramercy e o AllianceBernstein. Os donos de títulos detêm 25% dos bônus da Odebrecht Engenharia e Construção.

Em abril, a OEC conseguiu evitar o início de tais conversas depois de receber parte de um empréstimo de R$ 2,6 bilhões de Bradesco e Itaú Unibanco concedidos à holding, dinheiro com o qual honrou um vencimento de R$ 500 milhões de bônus.

Na época, a construtora também recorreu ao prazo de 30 dias de carência e acabou pagando o compromisso depois desse prazo. O atraso decorreu da demora nas negociações com bancos para obtenção do empréstimo.

Situação financeira

Apesar de ter prometido honrar os compromissos, a situação financeira se fragilizou sensivelmente este ano, frente às dificuldades da empresa para recompor sua carteira de obras, assim como do Grupo Odebrecht em dar vazão à venda de ativos.

A carteira de projetos da OEC havia sido reduzida de US$ 12,1 bilhões (em dezembro de 2017) para US$ 9,8 bilhões (no primeiro trimestre de 2018). Em junho, o caixa da empresa estava em US$ 456 milhões – mais de R$ 1,5 bilhão.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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