Foragido após “resgate” em hospital, Fat Family começou a matar aos 15 anos

  • Por Estadão Conteúdo
  • 03/07/2016 10h49
Divulgação/ PM-RJ Traficante Fat Family

Nicolas Labre Pereira de Jesus tinha 15 anos quando foi acusado pelo primeiro crime: assassinato. O caso foi registrado na 7.ª Delegacia de Polícia, em Santa Teresa, região central do Rio. Era 2003. O garoto, já conhecido pelo apelido de Fat Family, receberia mais duas anotações por homicídio e uma por roubo ainda na adolescência.

Com a prisão do irmão mais velho, Marco Antonio Pereira Firmino da Silva, o My Thor, um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), Fat Family ganhou espaço na hierarquia do tráfico A ponto de justificar a ação para seu resgate do Hospital Municipal Souza Aguiar, referência para atendimento na Olimpíada, na madrugada do dia 19. Um paciente morreu no tiroteio entre policiais e os invasores.

Fat Family cresceu numa família de bandidos. Tanto o pai, Jorge Edison Pereira Firmino, quanto a mãe, Jurema Labre, têm antecedentes criminais. Ela é acusada de associação para o tráfico. Ele, que está preso, por tráfico e roubo. Quando o menino ainda fazia pequenos serviços como “avião” ou “olheiro”, My Thor já era considerado um dos mais perigosos – e cruéis – criminosos da cidade. Chefe do tráfico do Morro Santo Amaro, no Catete, zona sul, punia com a morte aqueles que desobedeciam suas ordens.

O menino tinha 9 anos quando ficou conhecida a história de que o irmão comandou a tortura de um adolescente de 14 anos, por praticar assaltos na subida do Santo Amaro. Um comerciante foi assassinado porque não cumpriu a determinação de My Thor de encerrar o pagode em seu bar. Também mandou matar a namorada e mãe do seu filho por desconfiar que havia sido traído. Já preso em Bangu 1, comandou, ao lado de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, um levante que deixou seis mortos de uma facção rival, entre eles Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, um dos mais famosos traficantes da história do Rio.

Assim que My Thor foi transferido para presídio federal fora do Rio, na década passada, Fat Family começou a ganhar posições no CV. O Santo Amaro se firmou como referência para o consumo de crack da zona sul. As calçadas da Rua Pedro Américo, uma das principais do Catete, viraram cracolândia. Fat Family circulava pela favela com armas como fuzis e granadas.

Na noite de 10 de setembro de 2010, Fat Family estava em um Astra roubado, em alta velocidade, quando policiais militares ordenaram que parasse. Com parte do corpo para fora da janela, ele “puxou uma arma, provavelmente uma submetralhadora, e efetuou vários disparos”, contou o PM Leandro Queiroz Lima, ferido por um tiro na perna esquerda. Foi ainda acusado de matar o traficante Thiago da Silva Andrade, o Gordinho, em março daquele ano. Em novembro de 2010, mais uma acusação: a de ter assassinado dois sargentos na Praia do Barbudo, na Lagoa de Araruama, no Rio.

Apesar de o Morro Santo Amaro estar ocupado pela Força Nacional de Segurança desde 2012, Fat Family havia voltado à favela e chefiava a quadrilha de traficantes. Em 13 de junho deste ano (2016), foi preso, ferido com um tiro no rosto, por agentes da Delegacia de Combate às Drogas. Ficou internado sob custódia no hospital. Menos de uma semana depois, 25 homens invadiram a unidade para resgatá-lo

Vinte e sete batalhões da PM têm feito operações diárias na tentativa de recapturá-lo. Ainda não conseguiram prendê-lo, apesar de Fat Family pesar 120 kg e estar ferido no rosto. Ele seria operado caso não tivesse sido resgatado. Fat Family tem trocado de esconderijo a cada dois dias. Até sexta-feira, dez pessoas morreram e ao menos 150 foram presas nas incursões policiais atrás do foragido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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