Hoje o Brasil não depende de nada dos EUA, diz provável novo embaixador

  • Por Jovem Pan
  • 10/07/2016 14h36

Sérgio Amaral quando era ministro do Desenvolvimento de FHC em 2001

JOEDSON ALVES/Estadão Conteúdo Sérgio Amaral - AE

O diplomata Sérgio Amaral, 72 anos, já foi embaixador do Brasil em Paris e Londres. Agora, deve mediar as relações entre o País e os Estados Unidos. Amaral já recebeu a aceitação formal do governo americano e falta apenas ser aprovado pelo Senado brasileiro. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o provável novo embaixador disse que “os desafios são grandes e as oportunidades também”.

“Acredito que as relações entre brasil e eua superam hoje o período em que havia uma dependência historicamente financeira, mais recentemente em termos de comértcio, e hoje o Brasil não depende de nada”, analisa o diplomata. Ainda no campo da história, ele avalia também que houve uma mudança de postura dos Estados Unidos em relação aos países sul-americanos. “Os EUA deixaram a fase da Guerra Fria”, disse. E elogiou: “o fato de haver essa mudança, sobretudo as aberturas do presidente Obama em relação aos entendimentos com Cuba, contribuiu muito para retirar esse estado de desconfiança”.

“50 projetos”

O possível novo embaixador disse que já começou a analisar os projetos de parceria que estão paralisados. Ele garante: “certamente com os EUA haverá uma retomada importante do intercâmbio econômico. Nós já estamos considerando projetos importantes que por uma razão ou outra ficaram na gaveta, como abertura maior do comércio”.

Segundo Amaral, levantamento prévio indica a existência de “quase 50 projetos, acordos e comissões paralisados”. “Vamos fazer uma avaliação desses acordos, ver o que é bom, o que é viável”.

Ele exemplifica e diz que quer “viabilizar um projeto muito bom para nós, que é o lançamento de mísseis na base de Alcântara”.

“Segundo parceiro”

Amaral destaca que a relação Brasil/EUA é uma “parceria importante que continua crescendo, apesar de um certo declínio nos últimos anos devido à crise mundial”. Ele elogia os Estados Unidos como o parceiro “que tem o maior estoque de investimentos” no Brasil, “o segundo parceiro comercial brasileiro” (atrás apenas da China), e que “exportamos um volume maior de produtos manufaturados e industrializados” para os EUA, em comparação com outros países.

Serra e Diplomacia

Sérgio Amaral também comentou a nova política internacional do Itamaraty e a atuação do ministro das Relações Exteriores José Serra. “Não vamos levar em consideração as afinidades ideológicas que o País possa ter ou não com alguns de seus parceiros”, garante Amaral. “Comércio é uma prioridade, mas não em detrimento de outras questões, como direitos humanos, que claramente é uma questão principal para o ministro José Serra”, disse, sem entrar no mérito a quais questões dos “direitos humanos” se referia.

O diplomata ressaltou ainda a “grande oportunidade” que existe na relação entre Brasil e Argentina, enfatizando o “peso do Mercosul no entendimento entre Brasil e Argentina”. Se antigamente houve divergências entre nós e os hermanos, hoje, avalia Amaral, “os dois países caminham na mesma direção, são países que vão reforçar o conteúdo democrático da sua ação, vão trabalhar muito pelo reforço dos direitos humanos inclusive em nossa região”.

A “questão ambiental e oposição às mudanças climáticas” seria algo que uniria Brasil e Argentina também.

O provável novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos defende também “uma reaproximação maior entre as duas entidades: o Mercosul e a Aliança do Pacífico”, este, grupo que formado em 2012, 11 anos depois do Mercosul. Ele acha que não devemos “estimular diferenças entre as comunidades do Pacífico e do Atlântico”.

Ouça a entrevista no áudio do começo do texto.

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