Imagem de assassino de embaixador russo na Turquia vence World Press Photo

  • Por EFE
  • 13/02/2017 13h55

Fotógrafo Burhan Ozbilici EFE/Burhan Ozbilici/AP/WORLD PRESS PHOTO Fotógrafo Burhan Ozbilici

Uma fotografia do assassino do embaixador da Rússia na Turquia, com a pistola ainda na mão e o corpo do diplomata estendido no chão em segundo plano, ganhou nesta segunda-feira o World Press Photo, o prêmio mais importante do fotojornalismo internacional.

A imagem “Um assassinato na Turquia” é obra do fotojornalista turco Burhan Ozbilici, que trabalha há 28 anos para a agência “Associated Press“.

A fotografia foi feita no dia 19 de dezembro de 2016, quando um policial que estava de folga, Mevlüt Mert, atirou contra o embaixador da Rússia na Turquia, Andrei Karlov, em uma sala de exposições em Ancara.

“Felicito ao fotojornalista, que teve muita coragem e fez seu trabalho de forma heroica”, disse em entrevista coletiva o presidente do concurso, Stuart Franklin.

“Não é fácil se imaginar em uma situação assim, sem saber o que está acontecendo, colocando sua própria vida em risco. A série de fotografias que ele fez é impressionante”, acrescentou Franklin.

Ozbilici compareceu ao local da premiação emocionado e disse que “tinha duas possibilidades: ficar e fazer o trabalho de jornalista ou sair correndo”, mas que sentiu “a responsabilidade de representar o jornalismo”, por isso decidiu continuar fotografando com sua câmera, mesmo depois que o terrorista chegou a apontar com sua arma em direção ao público.

“O homem armado tinha assassinado uma pessoa inocente, mas decidi seguir fazendo meu trabalho”, disse Ozbilici. “Minha força interna, baseada em valores humanos que todos nós compartilhamos, me dizia para permanecer de pé”, acrescentou.

O fotojornalista disse que não prestou atenção às palavras do terrorista, que após disparar contra o diplomata gritou: “Alá é grande! Alá é grande! Nós morremos em Aleppo, vocês morrem aqui!”, em referência à intervenção da Rússia na guerra da Síria.

“Se eu tivesse me concentrado em suas palavras não teria conseguido estabilizar-me em seus movimentos”, disse o fotógrafo, que admitiu que sentiu medo, mas que, nesse momento, também sentiu “o apoio de todos os colegas, do jornalismo de todo o mundo”.

O júri, que recebeu mais de 80.400 fotos, reconheceu em comunicado que selecionar a imagem de um atentado terrorista como fotografia do ano foi “uma decisão muito difícil”, mas que reflete “o ódio de nossos tempos”.

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