Jader compara apoio ao pacote de medidas anticorrupção à popularidade de Hitler

  • Por Estadão Conteúdo
  • 23/11/2016 18h25
Edilson Rodrigues/Agência Senado senador Jader Barbalho (PMDB-PA)

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) comparou o apoio popular ao pacote das dez medidas anticorrupção do Ministério Público Federal (STF) à aceitação que os ditadores Adolf Hitler e Benito Mussolini possuíam. O senador discursou durante debate no Senado sobre o projeto de lei do abuso de autoridade, nesta quarta-feira (23). 

“Eu respeito a opinião pública, mas o Hitler tinha o apoio da opinião pública na Alemanha; o Mussolini tinha o apoio da opinião pública na Itália”, declarou Jader. O senador, que defende a aprovação da matéria, afirmou que há muitos “movimentos” na internet atualmente contra projetos como o de abuso de autoridade, mas que as decisões legislativas devem ser guiadas pelos debates do Congresso.

Para Jader, é preciso chamar “quem tem responsabilidade e experiência” para debater e criar “a melhor legislação possível” “Respeito quando se apresenta um projeto de lei dizendo ter mais de dois milhões de assinaturas (como as dez medidas anticorrupção). Até um apresentado por um único cidadão merece respeito, mas eu tive 1,8 milhão de votos.”

Segundo o parlamentar, os procuradores têm preconceito contra políticos, o que classificou como um “absurdo”. “O preconceito é um prejulgamento, é um julgamento sem dar o direito de defesa, sem dar o direito do contraditório”, afirmou.

Jader questionou casos como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é alvo de inquéritos no âmbito da Lava Jato. Para o senador, Lula perdeu credibilidade durante as investigações e, se for inocentado no final do processo, o prejuízo que sofreu seria irreparável.

O senador também insinuou que procuradores utilizem as operações para ganhar destaque. “Procurador que queira se promover deve se candidatar a vereador, deputado, senador, governador. Alguns até tiveram sucesso nisso e houve outros que vieram aqui à Casa dar lição de moral e terminaram como sócio do Carlinhos Cachoeira”, disse, referindo-se ao ex-procurador e ex-senador Demóstenes Torres.

No início da sessão, Jader afirmou ainda que “buscava respostas” no debate do porquê o projeto seria prejudicial às investigações, como alegam entidades do Judiciário. “Como o Congresso está sendo colocado sob suspeição de que nós queremos inviabilizar a tal operação Lava Jato, eu também não quero sair desta manhã sem ter essa resposta. Onde atrapalha? Ou se quer o direito de combater o crime cometendo o crime?”, indagou Jader.

O Senado promoverá um novo debate sobre o projeto de lei no dia 1º de dezembro. Foram convidados o juiz federal Sérgio Moro, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), responsável pela Operação Lava Jato, e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou hoje que a matéria deverá ir a votação no dia 6 de dezembro.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.