Juiz obriga hospital dos EUA a desligar aparelho de grávida em morte cerebral

  • Por Agencia EFE
  • 24/01/2014 22h48

Austin (EUA.), 24 jan (EFE).- Um juiz de Fort Worth, no interior do Texas, ordenou nesta sexta-feira que os aparelhos que mantém Marlise Muñoz viva sejam desligados e que a grávida com morte cerebral seja retirada do respirador artificial na próxima segunda-feira, por considerar que está morta e o feto não é “viável”.

O juiz R.H. Wallace deu ganho de causa aos familiares de Muñoz, que pediam para desconectá-la, e se opôs a direção do hospital, que alegava que a lei do estado não permitia a ação no caso de mulheres grávidas.

Marlise Muñoz, de 33 anos de idade e grávida, sofreu uma embolia pulmonar no final de novembro e foi declarada então com morte cerebral. O fato de Muñoz já ter sido declarada morta e as provas de que o feto sofreu graves consequências foram dois elementos cruciais para a decisão do juiz.

Durante a disputa, que provocou um grande debate social nos EUA sobre o que implica ser declarado com morte cerebral, os juristas que respaldam a postura da família explicaram que a lei texana – como a de outros 20 estados – se refere a mulheres grávidas em estado vegetativo ou de coma, não com morte cerebral.

O outro elemento decisivo foi o estado do feto, de 22 semanas, que não era “viável”, um ponto que os advogados da família defenderam esta semana. “As extremidades inferiores se deformaram de modo que o gênero do feto não pode ser determinado”, argumentaram.

Desde o princípio, a família considerou desumano que o feto continuasse crescendo sob essas circunstâncias, em um corpo clinicamente morto e sem um funcionamento correto, além do embrião ter sofrido a mesma falta de oxigênio da mãe durante a embolia pulmonar.

O juiz ressaltou que, se estivesse viva, a mãe teria abortado diante dos danos sofridos pelo feto.

A resolução do juiz responde a pedido que o marido, Erick Muñoz, em nome também dos pais da paciente, apresentou em 14 de janeiro para que a justiça apoiasse sua vontade de desconectar Marlise do respirador.

Na próxima segunda-feira, às 17h (21h em Brasília), os médicos deverão desligar o corpo de Muñoz, dois meses depois de sofrer a embolia que provocou a morte cerebral.

A lei que o hospital se baseou durante esses meses foi aprovada pelo congresso texano em 1989 e modificada em 1999, e estabelece que ninguém pode interromper um tratamento que mantenha artificialmente a vida de uma paciente grávida.

Em sua argumentação, os dois advogados da família justificaram que o hospital “interpreta erroneamente” a lei texana: se a paciente estiver morta, nem pode estar grávida nem podem ser aplicadas indefinidamente medidas de suporte à vida, já que a vida não existe mais. EFE

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