Manifestantes no Rio e em São Paulo pedem descriminalização do aborto

  • Por Agencia EFE
  • 28/09/2014 21h16

Rio de Janeiro, 28 set (EFE).- Centenas de pessoas foram às ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro para pedir a descriminalização do aborto no Brasil e criticar o elevado número de mulheres que morrem no país após se submeterem a interrupção da gravidez em clínicas clandestinas.

As manifestações foram convocadas para lembrar do Dia pela Descriminalização do Aborto, reunindo principalmente militantes de grupos feministas.

No Rio, cerca de 200 pessoas estiveram na Avenida Atlântica, na orla da praia de Copacabana, para protestar.

A passeata coincidiu com o enterro de Jandira Magdalena dos Santos, de 27 anos, morta depois de abortar em uma clínica clandestina há um mês, mas que só teve seus restos mortais encontrados nesta semana em um veículo abandonado.

Os parentes de Jandira, mãe de duas meninas, disseram que ela foi vista pela última vez no dia 26 de agosto, quando foi à uma clínica clandestina para interromper sua gravidez.

“Nosso objetivo é que o aborto seja legal, seguro e gratuito. Lutar pela legalização do aborto é lutar pela saúde da mulher”, dizia uma mensagem enviada pelos grupos que convocaram a manifestação nas redes sociais.

“As mulheres estão morrendo todos os dias, mulheres pobres, principalmente, porque as ricas têm acesso à clínicas mais seguras. Queremos a descriminalização do aborto porque as mulheres têm direito de não serem mães”, afirmou Isabella Medeiros, uma das organizadoras do protesto e representante do grupo Feministas Coletivas.

Os manifestantes criticaram também a pressão de políticos da bancada evangélica, que impedem o avanço no Congresso de qualquer projeto que possa ampliar os casos em que o aborto é considerado legal no Brasil.

Atualmente, a legislação brasileira autoriza o aborto em casos de estupro, risco de vida para a mãe ou quando o feto sofre de anencefalia.

Em São Paulo, outros 200 manifestantes ocuparam a Avenida Paulista, o coração financeiro da cidade, vestidos de negro em sinal de luto pelas mulheres que morrem após se submeterem a abortos sem devido cuidado médico.

“O aborto é algo real no Brasil. As mulheres abortam. O problema é que estão morrendo. Por isso, nossa luta é em defesa da vida da mulher. Esse é um problema de saúde pública”, defendeu Gabriela Arioni, do Movimento Mulheres em Luta e uma das organizadoras do protesto em São Paulo.

Analu Faria, representante da passeata Mundial das Mulheres, criticou a omissão do governo e dos partidos sobre o assunto, além de questionar as iniciativas dos legisladores evangélicos para frear qualquer tipo de debate no Congresso. EFE

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