Milhares de pessoas protestam contra o aborto em Madri

  • Por Agencia EFE
  • 14/03/2015 16h31

Madri, 14 mar (EFE).- Milhares de pessoas protestaram contra o aborto neste sábado, no centro de Madri, convocadas pela Plataforma Cada Vida Importa, formada por cerca de 40 associações antiaborto e apoiada por 82 associações internacionais.

A manifestação, que ocorreu sem incidentes e sob o lema “Pela vida, pela mulher e pela maternidade”, contou com participantes que vieram de 50 localidades de toda a Espanha em mais de 200 ônibus e com cerca de 500 voluntários.

A manifestação foi convocada devido à votação parlamentar, prevista para o fim do mês, da reforma da lei do aborto apresentada pelo Partido Popular (centro-direita), no governo.

A proposta apresentada pelo PP tem como objetivo impedir que as menores de 16 e 17 anos possam abortar sem a permissão dos pais. Esse é o único ponto de modificação da atual lei que regula a interrupção voluntária da gravidez, aprovada em 2010.

As associações que compõem a Plataforma Cada Vida Importa representam cerca de quatro milhões de famílias, segundo a própria organização, e consideram que os políticos “abandonaram” a defesa da vida.

Entre as associações estava o Fórum da Família, cujo presidente, Benigno Blanco, afirmou à imprensa que espera que na Espanha “não caia um muro de silêncio sobre o aborto, que é um imenso drama social ao qual as pessoas não podem se acostumar”.

Segundo Blanco, a reforma legislativa é apenas uma mudança em matéria de menores de idade que deixa “absolutamente intacta” a regulação feita pelo ex-presidente do governo, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, e “não contribui em nada para o compromisso” de modificar a legislação” que feito pelo PP.

O presidente da Confederação Católica de Pais e Alunos de Famílias, Luis Carbonel, disse que o aborto “nunca pode ser um direito” e que se sente “enganado” pelo Executivo.

Antes da reforma em debate, o ex-ministro de Justiça Alberto Ruiz-Gallardón apresentou em setembro uma proposta mais ampla, que provocou grande polêmica política e social e resultou a renúncia do ministro.

A proposta restringia o direito ao aborto unicamente aos supostos casos de estupro ou dano físico ou psicológico à mãe, frente à atual norma que permite abortar sempre que a intervenção seja realizada dentro de prazos determinados.

Além disso, com a lei de 2010, as menores de 16 e 17 anos podem abortar sem informar os pais caso aleguem coações ou ameaças no âmbito familiar.

A proposta em debate representa não apenas a reforma da lei de prazos do aborto vigente, mas também a legislação que regula a autonomia do paciente e seus direitos e obrigações.

No final da manifestação, os participantes fizeram um minuto de silêncio pelos mais de 100 mil abortos praticados na Espanha anualmente, leram um manifesto e assistiram a apresentações musicais. EFE

nac/vnm

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