Agências dos EUA defendem batidas contra imigrantes sem confirmar seu início

  • Por Jovem Pan
  • 14/07/2019 18h56 - Atualizado em 14/07/2019 18h57
EFE Agências dos EUA defendem batidas contra imigrantes sem confirmar seu início

Os responsáveis pelas principais agências migratórias dos Estados Unidos defenderam neste domingo as batidas contra imigrantes ilegais em nove cidades do país, onde a situação é confusa uma vez que o governo não confirmou seu início, embora em Nova York já tenha havido três operações no sábado que terminaram sem detidos.

Os titulares do Serviço de Imigração e Alfândegas (ICE, em inglês), encarregado das deportações; do Serviço de Imigração e Cidadania (USCIS), que administra o sistema migratório; e do Escritório de Alfândegas e Proteção Fronteiriça (CBP), responsável por patrulhar a fronteira, desfilaram neste domingo pelos principais canais de televisão do país.

Todos eles insistiram na necessidade da realização das batidas, mas não quiseram entrar em detalhes.

“Não falarei especificamente de nada do que está acontecendo do ponto de vista das operações”, declarou o diretor do ICE, Matthew Albence, cuja agência é a encarregada de realizar as batidas, em entrevista à emissora “Fox News”.

O jornal “The Wall Street Journal”, que citou uma fonte anônima conhecedora do assunto, revelou que as autoridades tentaram efetuar batidas já na noite de sábado em Nova York.

De acordo com essa fonte, agentes do ICE estiveram nos bairros de Harlem e de Sunset Park, este último no Brooklyn, mas foram rechaçados pelos moradores porque não tinham ordens de detenção.

Em entrevista coletiva, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, confirmou neste domingo que ontem houve três batidas e nenhuma detenção, enquanto hoje não se registrou nenhuma atividade do ICE.”Isto é o que sabemos neste momento: três situações que confirmamos ontem nas quais estavam envolvidos agentes do ICE, com testemunhas que nos confirmaram (…). Em nenhum dos casos, os agentes do ICE encontraram alguém”, garantiu.

Por sua parte, um funcionário governamental de alto escalão disse à “Fox News” que as batidas começaram na última hora do sábado em “várias jurisdições”, não só na cidade de Nova York.

O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou há dois dias que seu governo iniciaria neste domingo batidas em nove cidades para deportar “milhares” de imigrantes ilegais.

Essas cidades são Nova York, Miami (Flórida), Houston, Los Angeles e San Francisco (Califórnia), Chicago (Illinois), Atlanta (Geórgia), Baltimore (Maryland) e Denver (Colorado).

Em sua entrevista à “Fox News”, Albence insistiu que os alvos são “indivíduos específicos” sobre os quais pesa uma ordem de expulsão do país. “São indivíduos que vieram ilegalmente a este país, tiveram a oportunidade de reivindicar asilo diante de um juiz de imigração e a maioria deles escolheu não se dar esta chance e não aparecer na primeira audiência migratória”, detalhou.

Por sua parte, o diretor interino do USCIS, Ken Cuccinelli, falou à emissora “CNN”, onde se recusou a oferecer “detalhes operacionais”, já que, segundo sua opinião, poderia pôr em perigo os funcionários da agência.

Quando perguntado se há garantias de que as famílias de imigrantes não serão separadas durante as batidas, Cuccinelli respondeu: “Da mesma maneira que não estive disposto a falar de detalhes da operação não farei comentários sobre isso”.

“Há um milhão de pessoas, inclusive famílias, com ordens de expulsão”, destacou.

Em sua participação no programa “Face the Nation”, da emissora “CBS”, o comissário interino do CBP, Mark Morgan, reiterou que a operação “não é sobre a separação de famílias. Essa não é a intenção, nunca foi, nunca será”.

Nesse sentido, explicou que, no caso de uma imigrante indocumentada que esteja na última etapa da sua gravidez, os agentes não a deterão: “Eles lhe darão um papel, uma notificação para que compareça, e retorne mais tarde quando seja apropriado”, assegurou.

À espera da divulgação de dados sobre as batidas, uma advogada do grupo Southern Poverty Law Center, Melissa Crow, foi taxativa, em declarações à Efe, sobre as medidas que os imigrantes têm que tomar se encontrarem os agentes do ICE nas suas casas: “Não abram a porta”, frisou.

“A única circunstância pela qual estão obrigados a abrir a porta é se os agentes tiverem uma ordem de um juiz, não uma ordem administrativa de um funcionário do ICE, e normalmente os agentes vão com ordens administrativas”, ressaltou.

  • Com informações da EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.