Após novas sanções dos EUA, Irã ameaça retomar programa nuclear
Teerã ameaçou, ainda, espalhar conflito com os Estados Unidos pelo Golfo Pérsico
Em meio ao crescimento das tensões com os Estados Unidos, o Irã ameaçou retomar seu programa nuclear e afirmou que a guerra entre os dois países poderia se espalhar pelo Golfo Pérsico. Segundo o general Gholamali Rashid, do alto comando iraniano, “nenhum país conseguirá controlar o alcance e a duração de um conflito na reigão”.
“Os EUA devem agir de forma responsável para proteger suas tropas”, disse ele. Nesta segunda-feira (24), começam a valer as sanções impostas pelo país norte-americano. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, confirmou a informação neste domingo (23).
Diante das novas restrições econômicas, o governo iraniano tentou repassar parte da pressão para a União Europeia. Teerã estabeleceu o prazo de 8 de julho para que a UE encontre uma saída para driblar as sanções americanas.
O chefe do Conselho Estratégico do Irã, Kamal Kharazi, prometeu “novas medidas” caso o prazo não seja cumprido. “Temos de ver nas próximas duas semanas se a UE apenas promete ou se toma medidas práticas”, afirmou Kharazi.
O vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, disse que, se os europeus não encontrarem uma saída, o país retomará o programa nuclear. “Nossa decisão de reduzir o comprometimento com o acordo nuclear é irreversível enquanto nossas demandas não forem atendidas.”
O vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, disse que, se os europeus não encontrarem uma saída, o país retomará o programa nuclear. “Nossa decisão de reduzir o comprometimento com o acordo nuclear é irreversível enquanto nossas demandas não forem atendidas.”
Embora os Estados Unidos tenham confirmado as novas sanções, integrantes do governo reforçaram a disposição do país para o diálogo. Segundo Pompeo, a Casa Branca está preparada “para negociar sem condições prévias”. “Eles sabem precisamente como nos encontrar”, disse.
Pompeo afirmou que vai visitar Arábia Saudita e os Emirados Árabes para discutir a crise provocada pela derrubada de um drone americano pelo Irã, na semana passada. “Vamos encontrar uma maneira de construir uma coalizão global contra o Irã.”
No entanto, o tom adotado pelo assessor de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, foi mais ameaçador. Segundo ele, o Irã não pode confundir “prudência” dos Estados Unidos com “fraqueza”. “Nem o Irã nem qualquer outro ator hostil deve confundir a prudência e a discrição dos EUA com fraqueza”, afirmou Bolton no domingo, antes de se reunir, em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu.
Ataques cibernéticos
Essa nova escalada de tensões entre Estados Unidos e Irã ocorre um dia depois de a imprensa norte-americana noticiar ataques cibernéticos dos Estados Unidos contra os sistemas de lançamento de mísseis e uma rede de espionagem do Irã, responsável por vigiar a passagem de navios pelo Estreito de Ormuz. Os ataques teriam ocorrido na quinta-feira da semana passada (20).
O Washington Post afirmou que os ataques, planejados há várias semanas, teriam sido propostos por militares americanos como resposta à sabotagem de petroleiros na região. O Pentágono não quis comentar o assunto.
No Twitter, chanceler iraniano, Mohamed Javad Zarif, revelou no domingo a interceptação de outra aeronave não tripulada dos EUA. Segundo ele, um drone espião americano teria invadido o espaço aéreo do país em 26 de maio. Zarif publicou o itinerário do drone e afirmou que, após três alertas, ele deixou a costa iraniana.
Em resposta, Pompeo definiu o mapa exibido por Zarif como “infantil” e acusou o Irã de “semear desinformação”. “Não deveria haver dúvidas na cabeça de ninguém sobre onde estava esse drone. Estava sobrevoando o espaço aéreo internacional.”
*Com informações do Estadão Conteúdo
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