Após novas sanções dos EUA, Irã ameaça retomar programa nuclear

Teerã ameaçou, ainda, espalhar conflito com os Estados Unidos pelo Golfo Pérsico

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2019 09h21
Agência EFE Restos da fuselagem de um drone norte-americano RQ-4A exibido pela Guarda Revolucionária do Irã, nesta sexta-feira (21) Tensão entre Estados Unidos e Irã começou na semana passada, depois que um drone norte-americano foi abatido em território iraniano

Em meio ao crescimento das tensões com os Estados Unidos, o Irã ameaçou retomar seu programa nuclear e afirmou que a guerra entre os dois países poderia se espalhar pelo Golfo Pérsico. Segundo o general Gholamali Rashid, do alto comando iraniano, “nenhum país conseguirá controlar o alcance e a duração de um conflito na reigão”.

“Os EUA devem agir de forma responsável para proteger suas tropas”, disse ele. Nesta segunda-feira (24), começam a valer as sanções impostas pelo país norte-americano. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, confirmou a informação neste domingo (23).

Diante das novas restrições econômicas, o governo iraniano tentou repassar parte da pressão para a União Europeia. Teerã estabeleceu o prazo de 8 de julho para que a UE encontre uma saída para driblar as sanções americanas.

O chefe do Conselho Estratégico do Irã, Kamal Kharazi, prometeu “novas medidas” caso o prazo não seja cumprido. “Temos de ver nas próximas duas semanas se a UE apenas promete ou se toma medidas práticas”, afirmou Kharazi.

O vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, disse que, se os europeus não encontrarem uma saída, o país retomará o programa nuclear. “Nossa decisão de reduzir o comprometimento com o acordo nuclear é irreversível enquanto nossas demandas não forem atendidas.”

O vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, disse que, se os europeus não encontrarem uma saída, o país retomará o programa nuclear. “Nossa decisão de reduzir o comprometimento com o acordo nuclear é irreversível enquanto nossas demandas não forem atendidas.”

Embora os Estados Unidos tenham confirmado as novas sanções, integrantes do governo reforçaram a disposição do país para o diálogo. Segundo Pompeo, a Casa Branca está preparada “para negociar sem condições prévias”. “Eles sabem precisamente como nos encontrar”, disse.

Pompeo afirmou que vai visitar Arábia Saudita e os Emirados Árabes para discutir a crise provocada pela derrubada de um drone americano pelo Irã, na semana passada. “Vamos encontrar uma maneira de construir uma coalizão global contra o Irã.”

No entanto, o tom adotado pelo assessor de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, foi mais ameaçador. Segundo ele, o Irã não pode confundir “prudência” dos Estados Unidos com “fraqueza”. “Nem o Irã nem qualquer outro ator hostil deve confundir a prudência e a discrição dos EUA com fraqueza”, afirmou Bolton no domingo, antes de se reunir, em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu.

Ataques cibernéticos

Essa nova escalada de tensões entre Estados Unidos e Irã ocorre um dia depois de a imprensa norte-americana noticiar ataques cibernéticos dos Estados Unidos contra os sistemas de lançamento de mísseis e uma rede de espionagem do Irã, responsável por vigiar a passagem de navios pelo Estreito de Ormuz. Os ataques teriam ocorrido na quinta-feira da semana passada (20).

O Washington Post afirmou que os ataques, planejados há várias semanas, teriam sido propostos por militares americanos como resposta à sabotagem de petroleiros na região. O Pentágono não quis comentar o assunto.

No Twitter, chanceler iraniano, Mohamed Javad Zarif, revelou no domingo a interceptação de outra aeronave não tripulada dos EUA. Segundo ele, um drone espião americano teria invadido o espaço aéreo do país em 26 de maio. Zarif publicou o itinerário do drone e afirmou que, após três alertas, ele deixou a costa iraniana.

Em resposta, Pompeo definiu o mapa exibido por Zarif como “infantil” e acusou o Irã de “semear desinformação”. “Não deveria haver dúvidas na cabeça de ninguém sobre onde estava esse drone. Estava sobrevoando o espaço aéreo internacional.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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