“Guerra Fria”, polêmicas e Twitter: como Trump movimentou o mundo em 6 meses

  • Por Fernando Ciupka/Jovem Pan
  • 20/07/2017 07h58 - Atualizado em 20/07/2017 10h28
EFE/SZILARD KOSZTICSAK Trump é notícia diariamente no mundo por causa das suas frequentes polêmicas

Donald Trump completa, nesta quinta-feira (20), seis meses na presidência dos Estados Unidos. Seu comando, até aqui, não foi muito diferente do que o esperado após o resultado que elegeu o ex-apresentador de TV e bilionário bonachão: polêmico.

São tantas controvérsias que o mandatário bateu um recorde negativo: apenas 36% de aprovação, segundo pesquisa do Washington Post/ABC News.É a pior marca de um presidente em seis meses de governo em 70 anos, desde que o levantamento começou a ser feito.

Há um alento, no entanto, para Trump. Apesar do número negativo, ele tem o apoio de 82% dos republicanos, de acordo com a mesma pesquisa.

Diante deste cenário, a reportagem da Jovem Pan enumerou seis fatos (e um bônus) do governo Donald Trump que foram motivo de muita repercussão nos EUA e no mundo.

1 – Veto a estrangeiros

Uma das primeiras ações do republicano no cargo mais importante do mundo foram as “novas medidas de veto” para os que querem entrar nos Estados Unidos. Segundo Trump, o objetivo é manter os “terroristas islâmicos radicais” fora do país; algo muito proferido por ele ao longo de sua campanha eleitoral.

A imprensa local afirmou ser uma proibição contra os muçulmanos, o que foi prontamente negado pelo presidente com a justificativa de que há “mais de 40 países” similares no mundo que não foram afetados com a medida.

“Isto não é sobre a religião. Isto é sobre o terrorismo e para manter o nosso país seguro. Minha política é similar ao que o presidente (Barack) Obama fez em 2011, quando proibiu os vistos para refugiados do Iraque durante seis meses”, argumentou à época.

O veto migratório de Trump foi aprovado de forma limitada pela Suprema Corte americana no final do mês passado. Foi autorizado o veto a cidadãos do Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen. A proibição de 120 dias à entrada de refugiados no país também passou pela corte.

EFE/Olivier Douliery

2 – Caso Obamacare

O modelo de seguro-saúde criado pelo ex-presidente Obama é uma das ações do último governo que o republicano tenta derrubar. Nesta quarta-feira (19), Trump afirmou que, ao invés de revogar, substituir o programa é melhor. “O Obamacare está machucando os EUA irreparavelmente”, afirmou o republicano.

O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) informou que pelo menos 17 milhões de americanos irão perder seus planos de saúde já no próximo ano se o Senado dos Estados Unidos aprovar uma revogação do programa instaurado por Obama sem um plano para substituí-lo. A longo prazo, em dez anos, o número aumenta para 32 milhões.

Segundo Trump, o modelo do seu antecessor aumentou os custos para os usuários e é insustentável. Além disso, o presidente afirmou que nem os democratas defendem mais o Obamacare “porque sabem que o plano falhou”.

3 – Ataque contra a Síria

Em abril de 2017, Trump autorizou que as forças militares dos Estados Unidos lançassem dezenas de mísseis contra uma base aérea na Síria. Foi o primeiro ataque direto americano contra o governo do presidente Bashar al Assad desde o início da guerra civil no país.

O governo de Trump acusava o governo sírio de usar armas químicas, “violando as suas obrigações em relação à convenção de armas químicas e ignorando o Conselho de Segurança da ONU”.

A ação gerou repercussão em toda a imprensa mundial. À época, o britânico The Guardian publicou que o ataque foi um “golpe significativo” para as relações dos EUA com a Rússia, que pouco antes havia advertido os americanos sobre as consequências negativas da ação. Já o Le Monde, da França, disse que a reação americana era uma “agressão” contra um “Estado soberano”.

4 – Saída do Acordo de Paris

A saída dos EUA do Acordo de Paris, que se refere a mudanças climáticas no mundo, foi talvez uma das atitudes mais criticadas no governo de Donald Trump até aqui. Mesmo com o republicano afirmando que irá negociar um retorno ou um novo acordo, em uma tentativa de amenizar os ataques.

O acordo firmado em uma cúpula da ONU sobre o tema diz que as nações devem manter o aquecimento global muito abaixo de 2ºC, tentando deixá-lo em 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.

Com a ação, os Estados Unidos se juntou a Nicarágua e a Síria, como os únicos países a não aderirem aos compromissos adotados em Paris por quase 200 nações no final de 2015.

EFE/ARCHIVO/Jorge Núñez

5 – Cancelamento do Acordo de Cuba

Em junho, Trump cancelou o acordo firmado por Barack Obama com Cuba em 2014, que abria o caminho para a suspensão do embargo nas relações comerciais entre os dois países.

Na decisão do republicano, ele afirmou que irá reforçar o embargo contra a ilha e adotar restrições a viagens de americanos para Cuba, além de vetar os negócios de empresas dos EUA com as cubanas controladas pelas forças armadas locais.

“Quando os cubanos derem passos concretos, estaremos prontos, preparados e capazes de voltar à mesa para negociar esse acordo, que será muito melhor”, disse Trump, em um discurso em Miami.

6 – Guerra Fria com a Coreia do Norte

São somente seis meses de governo, mas o embate contra o país asiático liderado por Kim Jong-un promete fortes emoções até o final da era Trump.

Testes nucleares da Coreia do Norte, comparação entre Trump e Hitler, o “fim” do “problema” Coreia do Norte… são diversos e frequentes os ataques verbais e as ameaças entre o presidente dos Estados Unidos e o mandatário asiático.

Trump afirmou, no fim do mês passado, que “a paciência estratégica mantida durante anos pelos Estados Unidos chegou ao fim”. O presidente americano disse que a ameaça de um regime brutal e implacável como o da Coreia do Norte tem um programa balístico e nuclear que exige uma resposta firme.

Já Jong-un prometeu “consequências catastróficas” se os EUA persistirem com sua política de sanções e disse que vai continuar expandindo seu programa de armas nucleares enquanto não houver uma mudança de postura em Washington.

Se tratando de Donald Trump e Kim Jong-un, não é de se duvidar.

EFE/JIM LO SCALZO

7 – (Bônus) Xingou muito no Twitter

Durante esses seis meses do governo de Donald Trump, a imprensa americana não perdoou o seu líder. Foram diversas críticas à gestão do republicano, que foram quase sempre rebatidas por ele.

Logo no segundo mês de governo, Trump afirmou que nunca viu “meios de comunicação mais desonestos” e reclamou do “tom de ódio” contra ele, após as informações de que possuía contatos com a Rússia.

Trump criticou quase todos os grandes veículos de comunicação do país, chamando o The New York Times de “debilitado”, acusando a CNN de difundir notícias falsas – as tão citadas “fake news” -, além de chamar o Wall Street Journal de mal agradecido. A CNN colocou as declarações do mandatário como “um momento inacreditável na história”.

Com relação à CNN, o presidente americano já se recusou a responder uma pergunta de um repórter da emissora, em sua primeira entrevista coletiva. Mais recentemente, ele publicou em sua conta no Twitter um vídeo “espancando” a CNN (confira abaixo).

Pelo rumo das decisões de Trump ao longo desse período, a tendência é que esse embate com a imprensa local se torne cada vez mais intenso.

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