Em último artigo, jornalista saudita escreveu sobre liberdade de expressão; leia

  • Por Jovem Pan
  • 18/10/2018 15h08 - Atualizado em 18/10/2018 15h37
EFE Jornalista teria sido torturado e morto dentro do consulado da Arábia Saudita na Turquia

O jornal norte-americano “The Washington Post” publicou na noite desta quarta-feira, 17, o último artigo assinado pelo jornalista saudita Jamal Khashoggi, que desapareceu depois entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no começo do mês. Na coluna, intitulada “O que o mundo árabe mais precisa é liberdade de expressão”, ele critica os governos do Oriente Médio e diz que eles “receberam rédea livre para continuar silenciando a mídia em um ritmo crescente”.

No texto, o jornalista cita um incidente no qual o governo egípcio tomou o controle de um jornal. “Essas ações não provocam mais reação da comunidade internacional. Em vez disso, quando desencadeiam condenações, elas são rapidamente seguidas de silêncio. Como resultado, governos árabes foram liberados para continuar silenciando a mídia em ritmo crescente”, escreveu.

O jornal exibiu o texto algumas horas depois que o turco “Yeni Safak” publicou que funcionários sauditas teriam cortados os dedos de Jamal e o decapitado enquanto a mulher o esperava do lado de fora do consulado. Tanto o governo saudita quanto o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, negam qualquer envolvimento no desaparecimento.

Karen Attiah, editora da seção de opinião global do “The Washington Post”, escreveu uma nota antes do texto dizendo que recebeu a matéria um dia depois do desaparecimento do jornalista. Ela agradeceu o trabalho do saudita que estava no jornal há exato um ano.

“Esta coluna capta perfeitamente seu compromisso e paixão pela liberdade no mundo árabe. Uma liberdade para a qual ele aparentemente deu sua vida. Sou eternamente grata por ele ter escolhido o ‘Post’ como sua última casa jornalística, há um ano, e ter nos dado a chance de trabalhar juntos”, escreveu Karen.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou da crítica que havia feito inicialmente contra os sauditas e ordenou que a Turquia entregue qualquer gravação em áudio ou vídeo, “caso existam”, do suposto assassinato.

Em sua última coluna, assim como nas demais, o jornalista não deixou de criticar o príncipe saudita e o governo, mas agradeceu por toda a colaboração do jornal norte-americano no último ano de sua carreira e falou sobre a importância na tradução de suas ideias, “fazendo o Oriente Médio ler sobre a democracia no Ocidente”.

“O mundo árabe está enfrentando a própria versão da Cortina de Ferro, imposta não por atores externos, mas por forças domésticas que disputam o poder”, escreveu.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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