Erdogan vota e vê Turquia “revolução democrática”, já oposição denuncia fraudes

  • Por Estadão Conteúdo
  • 24/06/2018 10h28
EFE/SEDAT SUNA Erdogan, de 64 anos, está na presidência da Turquia desde 2003 e busca a reeleição para um mandato de cinco anos

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, votou na eleição presidencial e parlamentar deste domingo, dizendo que seu país passa por uma “revolução democrática”. A disputa de hoje nas urnas concluirá a transição turca para um novo sistema presidencial executivo, com o presidente ganhando mais poderes. Enquanto votava, Erdogan recebeu o apoio de dezenas de pessoas que gritavam seu nome, mas em outros pontos do país a oposição denunciava fraudes.

O presidente disse que a participação eleitoral parece ser alta. Segundo ele, 50% dos eleitores já haviam participado. Não foi divulgado, porém, nenhum balanço parcial ao público da frequência dos eleitores.

O diretor da Comissão Eleitoral da Turquia, Sadi Guven, afirmou que autoridades tomaram “as iniciativas necessárias”, após relatos de irregularidades em cabines eleitorais no sudeste do país. Um vídeo divulgado no domingo nas redes sociais aparentemente mostrava pessoas votando várias vezes simultaneamente em uma urna na cidade de Suruc, na província de Sanliurfa, onde quatro pessoas foram assassinadas em um violento confronto ocorrido antes da eleição. “Procedimentos administrativos e criminais foram iniciados”, informou Guven.

Mais cedo, Kemal Kilicdaroglu, presidente da principal força oposicionista, o Partido do Povo Republicano, disse que havia “reclamações” sobre irregularidade nas regiões leste e sudeste do país. Ele pediu que as autoridades sejam imparciais. “Não se esqueçam que vocês são funcionários públicos, não funcionários de um partido”, comentou. Líderes oposicionistas dizem que mudanças recentes no processo eleitoral poderiam induzir fraudes

Monitores eleitorais europeus criticaram a decisão turca de negar entrada a dois membros por suposto viés contra a Turquia. O país negou o visto de entrada para Andrej Hunko, do partido alemão A Esquerda, e Jabar Amin, da pequena sigla sueca Partido Ambiental, “baseando-se em suas opiniões políticas expressas publicamente”.

Erdogan e seu partido governista é considerado favorito na disputa, mas pela primeira vez em seu domínio de 15 anos enfrenta uma oposição mais unida. Entre seus principais rivais nas urnas estão Muharrem Ince, do secular Partido do Povo Republicano, e Meral Aksener, do nacionalista Partido Bom, que tenta atrair conservadores. As duas lideranças comentaram neste domingo temer que exista fraude eleitoral.

Já a imprensa estatal informou que autoridades prenderam seis pessoas por supostamente insultar Erdogan. A agência Anadolu disse que o grupo foi detido no fim do sábado, após vídeos divulgados nas redes sociais supostamente mostrarem os suspeitos gritando palavrões contra o presidente. Outros suspeitos são procurados pelo mesmo motivo, disse a agência. Insultar o presidente é um crime que pode no país levar a até quatro anos de prisão. Erdogan já apresentou quase 2 mil processos contra pessoas, até mesmo crianças em idade escolar, por supostos insultos recebidos. Como gesto de boa vontade, ele retirou essas acusações após um fracassado golpe militar ocorrido no país em 2016. Desde então, porém, vários outros casos do gênero foram abertos.

No poder desde 2003, Erdogan, de 64 anos, busca a reeleição para um mandato de cinco anos. Segundo ele, o novo sistema, com mais força para a presidência, dará prosperidade e estabilidade à Turquia, especialmente após o fracassado golpe. Seu partido, o Justiça e Desenvolvimento (AKP), espera manter a maioria no Parlamento. A oposição, por sua vez, tem pressionado pelo retorno a uma democracia parlamentar, com fortes controles institucionais, lamentando o “personalismo” do presidente no poder.

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