“Jogada de marketing” ou caminho para paz: o que esperar da reunião entre Trump e Kim Jong-Un

  • Por Matheus Collaço / Jovem Pan
  • 11/06/2018 10h00 - Atualizado em 11/06/2018 10h26
EFE “Até o momento, é muito mais uma jogada de marketing de dois marqueteiros do que uma efetiva medida que poderia levar a pacificação”, afirma o historiador Marco Antônio Villa, comentarista da Jovem Pan

Nesta terça-feira (12), às 09h da manhã – 22h da segunda-feira (11) no horário de Brasília – , acontece a histórica reunião entre o presidente norte-americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-Un. A cúpula, que chegou a ficar ameaçada, será no luxuoso Capella Hotel, que fica em Sentosa, uma ilha na costa de Cingapura. A expectativa é que os dois líderes discutam acordos para uma possível desnuclearização da península coreana, mas quais as reais chances disso acontecer e o encontro não se tornar apenas um “jogo de poder” entre os envolvidos?

“Até o momento, é muito mais uma jogada de marketing de dois marqueteiros do que uma efetiva medida que poderia levar a pacificação”, afirma o historiador Marco Antônio Villa, comentarista da Jovem Pan.

Segundo Villa, os efeitos da reunião a médio e longo prazo não devem ser positivos, principalmente pelo fato de que é muito difícil prever quais os reais ganhos da ditadura de Kim Jong-Un após a confirmação de um acordo de paz e de desnuclearização da península coreana.

Além disso, ele lembrou que o movimento já foi tentado na década de 90, quando Bill Clinton comandava os EUA. O presidente norte-americano teve uma resposta positiva por parte da Coreia do Norte, que ainda era comandada por Kim Jong-Il, pai do atual ditador, em troca de ajuda financeira para encerrar uma grave crise econômica da ditadura. Porém, descobriu-se depois que Kim Jong-Il, secretamente, deu continuidade ao seu programa armamentista, levando-o ao estágio em que se encontra atualmente.

“Evidentemente que o melhor seria que o encontro tivesse resultados concretos, o que levaria a um processo de paz. Entretanto, eu acho isso improvável. O que a Coreia do Norte ganharia politicamente? Economicamente vai ganhar, mas como isso vai favorecê-la? Somente melhorar as condições econômicas do país? Esse não é objetivo de um ditador. Ele se mantém através do medo, e as armas nucleares servem exatamente para isso”, aponta Villa.

O professor ressalta ainda que a ditadura de Kim Jong-Un é uma das mais sanguinárias da história recente e que o projeto nuclear é um instrumento de legitimação de seu poder, dentro e fora da Coreia do Norte. Por fim, cita o exemplo de Muammar Kadhafi na Líbia, que acabou morto após a explosão de uma guerra civil, que supostamente foi iniciada quando aconteceu o desarmamento do regime no país africano.

Sucesso pode alavancar Trump

Apesar das expectativas negativas, um possível resultado positivo nas negociações, acarretando na desnuclearização da península coreana e na melhora financeira e econômica por parte da Coreia do Norte, confirmará um claro vencedor em todo o processo: Donald Trump.

“Ele teria um ganho diplomático muito grande, sairia muito fortalecido e favorecido desse episódio. Poderia, inclusive, abrir caminho para uma reeleição daqui a dois anos. Ele conseguiria algo que nenhum outro presidente norte-americano conseguiu, mesmo aqueles que eram considerados mais preparados e capazes, e colocaria os EUA novamente em uma posição inconteste de superpotência mundial”, finaliza Villa.

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