No Brasil, oposição a Maduro negocia com EUA sanções à Venezuela

Em passagem por Brasília, um representante do Tesouro dos Estados Unidos se reuniu com líderes de oposição da Venezuela para negociar sanções ao país governado por Nicolás Maduro, que assumiu segundo mandato recentemente.

  • Por Jovem Pan
  • 20/01/2019 11h03 - Atualizado em 20/01/2019 15h32
EFE Maduro é alvo de protesto de venezuelanos pelo mundo

Em passagem por Brasília, um representante do Tesouro dos Estados Unidos se reuniu com líderes de oposição da Venezuela para negociar sanções ao país governado por Nicolás Maduro, que assumiu segundo mandato recentemente. A informação foi confirmada pelo ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, que participou do encontro.

A discussão sobre as sanções deve continuar em Davos, onde seis presidentes latino-americanos vão debater a crise venezuelana a partir de terça-feira (22), no Fórum Econômico Mundial. O brasileiro Jair Bolsonaro é uma das presenças previstas para painel sobre o assunto. Grupos opositores se reuniram com ele na última quinta-feira (17).

Asfixia

Antonio Ledezma afirmou que a ideia de asfixiar o regime ganhou forma no início de janeiro, quando o Grupo de Lima – aliança de países da região formada para pressionar a Venezuela – chegou ao entendimento de que algumas medidas poderiam ser aplicadas. “Agora, é uma questão de avaliar como cada governo pode realizar isso”, disse.

O ex-prefeito fugiu do país em novembro de 2017, passou pela Colômbia e se refugiou na Espanha. O trajeto é mantido sob sigilo, mas ele garante que foi ajudado por “militares venezuelanos” e por um “terço” que leva consigo até hoje. Ele admitiu que chegou a planejar uma fuga por Roraima, mas optou pela fronteira com a Colômbia.

Em Brasília, o grupo de opositores venezuelanos esteve reunido com o presidente do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), o americano Marshall Billingslea. Além de chefiar a instituição, Billingslea comanda a Secretaria de Crimes Financeiros e Financiamento do Terrorismo, ligada ao Departamento do Tesouro dos EUA.

“As sanções estão na agenda”, disse Ledezma, que indicou que espera que o governo brasileiro siga a mesma orientação. O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, indicou que, por enquanto, não há ordem do presidente Jair Bolsonaro para aplicar sanções, mas o Brasil não descarta medidas duras. “Dependendo de como será a evolução nos próximos meses, pode não apenas ter gestos de apoio, mas adotar outras medidas”, afirmou Onyx.

Ledezma acredita que governos latino-americanos estão buscando “forma constitucional” de colocar em andamento essas sanções e “aposta” nos brasileiros para acelerar a transição. “O Brasil busca papel destacado na solução da crise. Vemos Bolsonaro como um homem que está cumprindo o que prometeu durante a campanha eleitoral”, afirmou.

Davos

O próximo passo no debate sobre a crise venezuelana será dado em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial. Uma sessão sobre o assunto está programada para a quarta (23), com a presença de Bolsonaro e de outros líderes regionais. Seis presidentes latino-americanos confirmaram presença no evento que reúne a elite financeira mundial.

Na quinta (24) outro debate será realizado sobre a Venezuela em Davos, com a participação do chanceler do Equador e pesquisadores. “A comunidade internacional está preocupada e existe um risco de uma crise regional”, disse Ledezma.

Para o ex-prefeito de Caracas, a proposta lançada por Maduro, na sexta (18) de ter um encontro “cara a cara” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve ocorrer. “Ele [Maduro] não é o presidente da Venezuela, está desesperado. Não aproveitou oportunidades que teve para diálogo real. Agora, ninguém acredita que queira o diálogo.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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