Polônia ratificará lei sobre Holocausto apesar de críticas de Israel

  • Por Agência EFE
  • 06/02/2018 10h35
EFE Andrzej Duda, presidente da Polônia O presidente polonês disse que "não se pode falar em nenhum caso de uma responsabilidade sistemática da Polônia no Holocausto"

O presidente polonês, Andrzej Duda, anunciou nesta terça-feira que ratificará a lei que permite penalizar com prisão o uso do termo “campos de concentração poloneses” ou acusar o país de cumplicidade no Holocausto, apesar das críticas de Israel.

Duda também anunciou que transferirá a norma ao Tribunal Constitucional para que analise se o conteúdo vulnera a liberdade de expressão, como denunciaram as autoridades israelenses, que acreditam que a lei dificultará a investigação de historiadores e a informação publicada por meios de comunicação.

O presidente polonês disse que “não se pode falar em nenhum caso de uma responsabilidade sistemática da Polônia no Holocausto” e defendeu a importância da norma para garantir o “bom nome” de seus compatriotas.

“A Polônia foi atacada e ocupada durante a II Guerra Mundial, por isso que não deixa dúvidas que os poloneses não foram de modo algum responsáveis do Holocausto”, insistiu Duda, que lembrou que durante o conflito morreram “seis milhões de poloneses, deles a metade judeus”.

“Durante a guerra houve países que colaboraram com os nazistas, que atuaram como as suas marionetes, mas a Polônia sempre lutou contra a ocupação alemã e a sua população nunca se rendeu”, acrescentou.

A norma prevê multas e até três anos de prisão pelo uso do termo “campos de concentração poloneses” ou a menção de crimes efetuados pela nação “polonesa” durante o Holocausto.

Os principais partidos da oposição criticaram a decisão de Duda, que qualificaram de “erro diplomático”, e disseram que abrirá uma “crise diplomática” com Israel.

O Governo, o Museu do Holocausto no Jerusalém e membros de todo o círculo político do Parlamento israelense condenaram a lei ao considerar que tenta “desafiar a verdade histórica” e que pode esfumaçar a cumplicidade, direta ou indireta, de setores da sociedade polaca nos crimes contra os judeus

Andrzej Duda assegurou que deseja “de todo coração” que a Polônia e Israel mantenham boas relações e lembrou da “história comum” que judeus e poloneses compartilharam durante séculos.

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